segunda-feira, 23 de março de 2009





Opinião de outros comunistas


Vemos, Ouvimos e Lemos...

...Não Podemos Ignorar. Este refrão acompanhou durante anos a luta pela liberdade e a democracia no nosso país. Um refrão contra a indiferença e o medo, de apelo à acção pela mudança.

Nos dias que correm, noutras circunstâncias, o mesmo refrão não perdeu actualidade. É preciso agir! É preciso romper com a indiferença e o preconceito. É preciso mudar a política do mais do mesmo que tem vindo a conduzir o país e a região a águas pantanosas. Há um dado-base de partida que importa ter bem presente: não haverá mudança votando nos mesmos que ano após ano têm conduzido o país à situação em que se encontra. Um país mais desigual, mais assimétrico, com menos recursos próprios em resultado da política que tem vindo a ser desenvolvida

Temos vindo a insistir no erro, e nos perigos daí resultantes para a região, de um modelo de desenvolvimento assente no turismo e serviços correlacionados. Hoje vai estando bem à vista a justeza das nossas preocupações. Bastará ir a Albufeira e verificar a situação existente em vários hotéis – salários em atraso, rescisões, despedimentos. E não há propaganda e marketing que resolva o problema, porque o alargamento do fosso entre os que continuam com grandes fortunas e altas remunerações e o engrossar da fileira dos pobres ou dos crescentemente empobrecidos afasta cada vez mais amplas massas de poderem dar-se “ao luxo” de férias, quanto mais férias em hotéis.

Cresce a um ritmo galopante o número de desempregados no Algarve e cresce também o número dos que ficam excluídos do subsídio de desemprego. O Governo diz que em 2008 poupou 400 milhões de euros. Pudera... pela nossa parte continuamos a exigir o alargamento dos critérios para a atribuição desse mesmo subsídio. É um acto de elementar justiça que o Governo o faça. Ao contrário de outros que lançam como objectivo que as empresas que dão lucro não possam despedir, deixando assim à mercê muitas dezenas de milhares de trabalhadores, nós consideramos que o desemprego pode ser travado com aumento dos salários e reformas, com investimento público (não anúncios, mas obra no terreno), com a criação de emprego público, com apoio real aos micro e pequenos empresários, com combate ao despedimento fraudulento. Aliás, muitas das propostas que apresentámos no quadro do PIDDAC e que foram chumbadas pelo PS e pelo PSD tinham, além de corresponderem a necessidades regionais, esse objectivo.

Neste quadro, o Congresso do PS foi decepcionante. Sobre os reais problemas nada foi dito. Falou-se de modernização e construção do futuro. Mas logo surgiram estudos da OCDE dizendo que os reformados do futuro, os que estarão na reforma daqui a 20 anos, terão reformas muito mais baixas do que os reformados do presente. É este o futuro que o PS tem para oferecer? É este o futuro para os nossos filhos? Por certo que não queremos! Do lado do PSD, tornou a insistir Passos Coelho na privatização da Caixa Geral de Depósitos. Uma completa irresponsabilidade!

É por aqui que se constrói o futuro? Concerteza que não. Falou-se também no evento do PS de abertura e abrangência e assim foi apresentado o seu candidato ao Parlamento Europeu Vital Moreira. Mas francamente, será que os professores, os trabalhadores da administração pública, os militares, etc., já se esqueceram dos seus virulentos ataques? Será que os portugueses já se esqueceram que Vital Moreira foi um dos acérrimos defensores à não realização de um referendo ao Tratado de Lisboa? E que é um dos defensores de que ele entre em vigor torpedeando por cima da vontade expressa do povo da Irlanda? Ou seja, para ele (como para o PS e o PSD) os votos só devem contar quando correspondem à sua vontade. É esta a abertura e a abrangência? É isto modernidade e futuro?

Nós dizemos, como diz o povo, que para grandes males, grandes remédios. Neste caso o remédio é cortar com o ciclo do mais do mesmo. É mudar! É dar mais força ao PCP.
A denominada crise, ou seja, a crise das políticas de direita que a promoveram e a alimentaram, não é nem pode ser desculpa para tudo. No ano 2008, o banco Santander/Totta teve 517 milhões de euros de lucro, o BES teve 402 milhões, a EDP teve 907 milhões, a GALP 777 milhões, enfim, muitos milhões. Estes continuaram a ter férias e a ocupar os hotéis e resortes.


Vemos, Ouvimos e Lemos, Não Podemos Ignorar!

  • Rui Fernandes, Doral do PCP




















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