sexta-feira, 17 de abril de 2009
- Filipe Diniz
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Arriscamo-nos a desagradar ao doutor Vítor Constâncio se dissermos que por aí andam salários obscenamente luxuosos. O governador do Banco de Portugal, confrontado certa vez com o chorudo vencimento que recebe por um trabalho aliás pouco qualificado e cujos resultados provam que não sabia o que deveria saber (ou, sabendo-o, faz vista grossa), acusou de demagógicas as «insinuações» de que arrecadava para si muito dinheiro em comparação com os seus compatriotas. Ao longo dos últimos tempos – a crise tem a sua parte na responsabilidade de tais revelações – ficou o público a saber, sem que fossem os comunistas a divulgá-lo mais amplamente, que abundam, neste País de milhões de pobres e de centenas de milhares com fome, que há gente por aí que se farta de ganhar.
O certo é que o capitalismo é o menos democrático de todos os sistemas, onde são escolhidos e eleitos, em função do dinheiro possuído por accionistas, os que mandam na economia e... nos governos.
- Leandro Martins
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Uma das dificuldades da luta política tem a ver com as palavras.
Para os políticos burgueses as palavras, os programas eleitorais, os discursos, as entrevistas, as promessas públicas são outros tantos meios, não de dizer o que querem e o que propõem, mas de o ocultar cuidadosamente. As razões são evidentes: se alguma vez lhes fugisse a boca para a verdade os seus eleitores reduzir-se-iam ao pequeno punhado de criaturas cujos interesses defendem.
Num dos seus textos sobre a situação em França Marx observa: «a questão não é se tal ou tal personagem traiu o povo. A questão é porque é que o povo aceitou ser traído por esse personagem». Recrudescem os esforços por parte do PS/Sócrates para voltar a vender como lebre «anti-neoliberal» o desastroso gato neo-liberal que durante quatro anos pôs no prato do povo português. Ou para o PSD se apresentar como «alternativa». Ou para outros presumirem de «forças dirigentes da esquerda». Ou para outros ressurgirem da sua hibernação quadrienal com a finalidade de sempre, a de confundir alguns eleitores com a foice e martelo que usurpam.
Por isso nenhum trabalhador que endereçou a palavra mentiroso se deveria esquecer não apenas de a quem a dirigiu, mas a que política e forma de agir a dirigiu.
Seria mais fácil se cada eleitor identificasse por detrás de cada palavra e de cada sigla as palavras certas. Se onde alguns dizem «governabilidade» identificasse prepotência e arbitrariedade. Se onde dizem «consciência social» identificasse exploração e sopa dos pobres. Se onde dizem «europa» identificasse multinacionais e subalternização nacional.
Se onde vem PS, PSD, CDS/PP identificasse apenas ppd (ou seja, partidos da política de direita).
Se onde vem «governo actual» identificasse comissão eleitoral do PS.
- Filipe Diniz