quinta-feira, 8 de janeiro de 2009


A medalha de quê?


Chega a notícia de que Bush, antes de abandonar a Casa Branca, irá condecorar com a «medalha da liberdade» várias personalidades políticas - entre elas o ex-primeiro ministro britânico Blair e o ainda presidente da Colômbia, Uribe.

Se tivermos em conta o conceito de liberdade de Bush, é fácil perceber a lógica que presidiu à selecção dos dois premiados, bem como à categoria da medalha escolhida.

Blair, enquanto chefe do governo da Grã-Bretanha, foi um verdadeiro homem de mão de Bush e o seu mais fiel servidor e cúmplice na destruição e ocupação de países e numa infindável vaga de crimes que tiraram a vida a centenas e centenas de milhares de seres humanos - pelo que a «medalha da liberdade» fica-lhe mesmo a matar…

O mesmo se pode dizer em relação ao segundo premiado – o narco-fascista Uribe – para o qual a dita medalha é o justo prémio por uma vida ao serviço da liberdade, da democracia e dos direitos humanos.

Senão vejamos: Uribe é o presidente de um país onde são assassinadas, em média, sete pessoas por dia - o que significa que, desde que chegou ao poder, foram assassinados cerca de 15 mil colombianos, na sua maioria sindicalistas, activistas dos direitos humanos e outros perigosos terroristas. Também a situação da Colômbia em matéria de presos políticos e de tratamento nas prisões – ou seja, de respeito pelos direitos humanos - há-de ter pesado na decisão de Bush de atribuir a «medalha da liberdade» a Uribe: nos primeiros dez meses de 2008, 932 presos políticos foram submetidos a torturas, em consequência das quais morreram 731.

A atribuição da «medalha da liberdade» a Uribe, é justificada, ainda, por uma outra situação muito característica da democracia colombiana: a questão dos «deslocados», que se calcula que sejam uns 4, 5 milhões. São camponeses obrigados a ferro e fogo a abandonar as suas terras das quais, depois, os que os expulsam se apropriam – e já lá vão cerca de cinco milhões de hectares de terras libertadas.

Esperemos que, entre os premiados, não faltem governantes israelitas, também eles exímios exterminadores implacáveis e, por isso, dignos merecedores da «medalha da liberdade de Busch».
  • José Casanova

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