sexta-feira, 17 de julho de 2009


Parole … parole …



O título da canção italiana traduz a crítica às palavras sem consistência das forças da política de direita e do oportunismo dos «cucos». E verbera o «vale tudo» de uma forma de estar na política que expressa interesses contrários aos trabalhadores.A campanha eleitoral evidenciou que há forças políticas que copiam, sem escrúpulos, não apenas propostas do PCP (nisto o BE é o maior), mas até expressões, que adaptam à sua agenda – assim cai o estigma anticomunista da «cassete», que criou tantas dificuldades ao PCP na defesa das suas propostas.

Ouvir as rábulas da direita sobre a soberania, os MPMEs e os reformados, ou o inefável P. Portas sobre o «trabalho dos deputados CDS» é um momento exigente para resistir à náusea.Assistir às afirmações de M. F. Leite – paradigma da «política de verdade» -, que tão depressa «rasga» e entra em «ruptura» com as políticas sociais do Governo, como clarifica que não se opõe a coisa nenhuma, evidencia que PS e PSD têm no essencial a mesma política – que conduziu à crise, que nesta fase concentra riqueza e que, na putativa saída da crise, propõe novos cortes na despesa social do Estado, sempre ao serviço dos grandes interesses. É a «banha da cobra» da alternância que não altera patavina da política de direita.

Ouvir de Sócrates cobras e lagartos contra o neoliberalismo ou a defesa do voto de «esquerda» no PS, no «combate contra a direita», em defesa do «Estado Social», põe a nu o «conto do vigário» que persiste na «continuidade» das mesmas políticas neoliberais, que levou a um nível sem precedentes.

Reler a mistificação do «sobressalto» necessário para que o PS se aguente nas próximas eleições e a oferta de álibis à «esquerda» para que continue a governar à direita, quando é evidente a urgência da ruptura e que esta só pode resultar de menos PS e mais PCP, põe a claro que não há palavras bonitas «à esquerda» que possam esconder os projectos dos pré-candidatos a líder do PS ou a PR.

Rever como os «cucos» se põem a jeito de todos os «sobressaltos» e do mais que possa trazer votos, sem princípios nem projecto, mas sempre anticomunistas, que é doentia a ambição de «uma nova esquerda para liderar essa alternativa» (F. Louçã 12.06) e é ainda maior a patranha. Porque sem ruptura com a política de direita e sem o reforço do PCP não há caminho para a alternativa.

O resto são «parole ...» e pouco mais.

  • Carlos Gonçalves

Sem comentários:

  • JCP
  • pcp
  • USA
  • USA