sexta-feira, 29 de maio de 2009





Tirar «os pés da água»... só para lhes dar um pontapé!



Belmiro de Azevedo brindou-nos com uma síntese de grande importância. Disse o Sr. Eng. que «os empresários têm a obrigação de dizer com clareza o que pensam, os políticos têm de arredondar as afirmações».


E começou a disparar o que pensa: ter um emprego, seja ele qual for e em que condições for, é razão suficiente para os trabalhadores estarem agradecidos; o horário deveria ser anual, e usado a bel-prazer do patrão; trabalho extraordinário sempre que o patrão quiser, mas pago a singelo; as eleições são uma chatice, perturbam a vida das pessoas, e nelas promete-se muito que depois não pode ser cumprido. E para mais não teve tempo, sendo que não é difícil adivinhar o muito mais que lhe entretem as meninges, e que o levaram a afirmar que «Não há emprego para quem quer passar os fins-de-semana com os pés na água.»


Os «políticos» do Sr. Eng. (que ele despreza, como despreza todos os seus empregados, por fielmente que o sirvam), já começaram a «arredondar as afirmações». É ouvi-los, e nenhum repete as frases do Sr. Eng.. Alguns até pelo contrário: quem os ouvir não os leva presos. Mas representada a farsa eleitoral, irão enterrar as promessas e cumprir obedientes a cartilha do Sr. Eng., como sempre fizeram.


Mas então, porque anda chateado o Sr. Eng.? Porque queria viver no fascismo e não vive, vive no Portugal de Abril, com tudo o que conseguimos defender da nossa revolução e o tanto mais que ela aponta para ser (re)conquistado. Porque queria um rebanho de carneiros para explorar e saiu-lhe na rifa um povo que luta e resiste. Porque tem ódio a um só Partido, o PCP, e esse Partido não desaparece nem se verga, antes cresce, reforça-se, ganha confiança. E, parafraseando o Sr. Eng., no dia 7 de Junho, vale a pena não pôr os pés na água. Para defender o direito ao trabalho e ao trabalho com direitos. Para dar um valente pontapé nos belmiros e nos seus «políticos», para dar força ao PCP, à força política que está na vanguarda da luta e da resistência à intensificação da exploração. Para votar CDU, o voto que faz falta a quem trabalha
  • Manuel Gouveia

quinta-feira, 28 de maio de 2009


A «oração de sapiência» do Doutor Belmiro


O engenheiro Belmiro recebeu o título de Doutor Honoris Causa, geralmente atribuído não pelo sucesso de uma carreira académica, mas pelo reconhecimento de méritos noutros domínios. No caso de Belmiro, o título foi recebido por ser rico – mesmo muito rico.

A causa pode não ter muito de honorífico, mas o mérito é inegável.Já em uso da sua nova docência, aproveitou para proferir a primeira lição, com recado para vários destinatários.

Começou por dirigir-se explicitamente ao público trabalhador, a quem deve o prémio. Com a crueza arrogante do self-made man, ensinou não haver agora lugar a reivindicações, porque os tempos são de crise e ter trabalho já é um privilégio... E concluiu, com o fôlego que lhe dá o novo Código do Trabalho, reclamando uma reivindicação, muito legítima essa, e da parte do patronato: a do prolongamento do horário de trabalho, à custa de sábados sem a devida remuneração.
Mas a lição teve mais dois destinatários, esses implícitos.

O primeiro, o Presidente da República, a quem Belmiro veio emendar a recomendação-pedido aos empresários católicos para que evitassem uma grande dependência do poder político. Belmiro veio pôr os pontos nos ii e dizer que a dependência é precisamente a inversa, Sr. Presidente, e se não compreende isso vai ter que escrever cem vezes essa verdade que toda a gente anda farta de saber ...

Dirigiu-se também ao corpo empresarial, contrariando aqueles que pretendem fazer passar a silhueta de um novo capitalismo, decentemente depurado dos seus excessos mais evidentes. Ao seu modo truculento, Belmiro diz-lhes sem rodeios que se deixem de tretas.

O doutor-engenheiro traz à memória o rico burguês que, sem linhagem de raiz, adquire pela vastidão da sua fortuna um título nobiliárquico.

Não precisa dele, mas ...Mas ... numa coisa está ele enganado. Rico e doutorado, sem dúvida, mas com curta visão do mundo. Ele devia saber que o mundo do trabalho tem outros mestres.
  • Aurélio Santos

segunda-feira, 25 de maio de 2009

"ESTÁ NAS NOSSAS MÃOS DAR A VOLTA A ISTO"


sexta-feira, 22 de maio de 2009

Como o capitalismo supera as crises


“Sempre o capitalismo, devido às suas próprias contradições, provocou inúmeras crises, superadas pela repressão das massas, independentemente do recurso a regimes ditatoriais ou a regimes de democracia representativa de acordo com os interesses momentâneos da grande burguesia, ao aumento do desemprego e da exploração, ao alargamento da miséria, às guerras e ocupações, à morte e aos genocídios.”-



Sempre o capitalismo, devido às suas próprias contradições, provocou inúmeras crises, superadas pela repressão das massas, independentemente do recurso a regimes ditatoriais ou a regimes de democracia representativa de acordo com os interesses momentâneos da grande burguesia, ao aumento do desemprego e da exploração, ao alargamento da miséria, às guerras e ocupações, à morte e aos genocídios.

Foi assim na crise de 1929, apenas superada com início da II Guerra Mundial em 1939 e a consequente militarização da economia. Com o fim da guerra em 1945, a massiva e rápida reconstrução da Europa e do Japão continuou a superação e deu origem ao já chamado «período de ouro» do capitalismo. A partir do final da década de 60, esgotadas as condições particulares do pós-guerra e com o rápido desenvolvimento das forças produtivas na Alemanha e no Japão, a diminuição das taxas de lucro regressou ao sistema, a concorrência intercapitalista intensificou-se, e nem o «keynesianismo militar» que justificava a guerra no Vietname continha a crise latente de sobreprodução. O aparecimento de economias em vias de desenvolvimento como a Malásia, Taiwan e a Coreia do Sul só acentuaram as contradições insuperáveis do capitalismo, iniciando-se na década de 70 um período de estagflação (crescente e acelerada diminuição da taxa de crescimento, acompanhada de uma elevada inflação), agravado por um rápido e significativo aumento do preço da energia (barril de petróleo).

A crise dos anos 80

E a nova crise de sobreprodução do início dos anos 80 foi travada com uma fuga em frente, através da imposição do neoliberalismo, da globalização imperialista e da financeirização da economia, o que teve gravíssimas consequências nos países dominados, de economia periférica e subsidiária.

Com a reestruturação neoliberal, o imperialismo não só transformou a supervisão e regulação do sistema financeiro em mera formalidade, como procedeu a uma redistribuição do Rendimento Disponível em favor da grande burguesia. Em Portugal, esta política de redistribuição do Rendimento Disponível (RD) a favor da classe dominante, fez cair a percentagem dos salários no RD, de 47,6% em 1973 (Marcelo Caetano e de 59,5% em 1975 (Vasco Gonçalves até 19 de Setembro), para 45,6% em 1983 (Pinto Balsemão/Mário Soares) e para 40,6% em 2006 (José Sócrates), números que também ilustram como entre nós aumentou a taxa de exploração das classes trabalhadoras.

Com a globalização deu-se uma acelerada integração de economias semi-capitalistas, na economia global, o que, devido aos baixos salários, promoveu uma enorme acumulação capitalista, agravou o problema da sobreprodução com o aumento da capacidade produtiva e diminuiu percentualmente a capacidade de compra de bens para satisfação das necessidades, devido à diminuição real dos salários nas economias de maior poder de compra. Esta realidade levou a que a taxa de lucro das 500 maiores transnacionais da lista da Fortune tivesse passado de 7,15% entre os anos 1960-69, para 2,29% entre 1990-99 e para 1,32% entre 2000-02. Por estes números se vê como foi fingida a surpresa de governo português de José Sócrates pelo rebentar desta crise económica.

Com a financeirização, o capitalismo encontrou a resposta para satisfazer a sua necessidade sistémica de crescentes taxas de lucro. A inevitável diminuição das taxas de lucro nos sectores criadores de riqueza, a par dos enormes montantes de dinheiro em circulação internacional desencadearam uma espiral especulativa, aumentaram desmesuradamente a especulação financeira, o que foi facilitado pela falta de regulação e de supervisão efectivas.

Recuperar o sistema?

Na busca de soluções para a recuperação do sistema, também em Portugal o governo e os meios de comunicação iludem o problema ao responsabilizar o neoliberalismo, e as falhas da supervisão e regulação pela crise. Em capitalismo, as respostas do sistema às crises preparam novas crises mais alargadas e devastadoras e diminuem os meios de prevenção das crises. A produção tem como único fim a valorização do capital, em vez da produção de bens para distribuição e satisfação das necessidades sociais. Pela sua própria finalidade, a valorização do capital, tende à superação dos seus próprios limites, o que só é possível recorrendo a meios (desenvolvimento das forças produtivas, criação de capital fictício, liberalização do sector financeiro, normas de supervisão e regulação ainda mais permissivas…) que levantam esses mesmos limites mais à frente e com uma violência redobrada.

Em capitalismo, as crises são superadas pela brusca destruição de capital e de uma parte considerável das forças produtivas (A Qimonda com cerca de 1.700 trabalhadores é, por enquanto, o caso mais significativo em Portugal), até que o sistema encontre o ponto de equilíbrio que lhe permita reiniciar a valorização do capital e o processo de acumulação capitalista. A crise de 29 foi superada com início da II Guerra Mundial e as consequentes destruição de capacidade produtiva excedentária e militarização da economia. A intensificação da guerra no Afeganistão e a manutenção de dezenas de milhares de soldados e mercenários no Iraque, como continua a pretender Obama, manterão alguma militarização da economia e servirão para tentar garantir acesso a fontes de energia, mas não destroem qualquer capacidade produtiva excedentária…

De que serve então condenar o neoliberalismo e, simultaneamente, tentar recuperar o sistema capitalista que o impôs?

Governos de classe
O crescimento do número de desempregados vai aumentar o «exército de reserva», o que faz crescer a concorrência entre os trabalhadores, circunstância que permite aumentar a taxa de exploração.

Os governos já demonstraram que a protecção dos minguados direitos dos trabalhadores não são a sua preocupação principal. As opções principais são massivas injecções de dinheiros públicos nos, muitas vezes criminalmente, responsáveis pela crise, que já constituem a maior transferência de fundos públicos para mãos privadas: os bancos e as grandes transnacionais.

A crise ainda em processo de desenvolvimento vai bater violentamente na maioria da população – classes trabalhadoras, inclusive quadros e técnicos, e pequenos e médios empresários. É que o capitalismo não é reformável nem regulável, como a sua história o demonstra sobejamente, mas só o aumento da consciência de classe e uma crescente consciência política das classes trabalhadoras possibilitará a generalização da consciência de que não existem soluções para as crises estruturais do capitalismo. O sistema não cairá de podre.

A luta de classes vai continuar a intensificar-se e grandes lutas se esboçam com a participação de milhões de trabalhadores.

Lisboa 18 de Maio de 2009
José Paulo Cascão

quinta-feira, 21 de maio de 2009




TRÁZ UM AMIGO TAMBÉM!

quarta-feira, 20 de maio de 2009


O "apagão" no desemprego registado no IEFP
a nunca explicada eliminação sistemática de desempregados nos ficheiros do IEFP





por Eugénio Rosa [*]


Ontem, 18 de Maio, quase todos os órgãos de informação deram grande destaque ao "apagão" (eliminação) nos ficheiros do IEFP de 15 mil desempregados. O presidente do IEFP, não podendo negar o facto, em conferência de imprensa veio dizer que isso teve como causa um erro informático (a informática tem costas largas) e que iria ser rapidamente corrigido, não afectando os desempregados atingidos. E simultaneamente criticou aqueles que afirmaram que é uma prática reiterada do IEFP para manipular os dados do desemprego registado, apresentando assim valores mais baixos e favoráveis ao governo, ameaçando todos o que afirmaram isso com processos em tribunal, nomeadamente o Sindicato Nacional dos Técnicos de Emprego que denunciou a situação.

No entanto, o presidente do IEFP, assim como o ministro do Trabalho e da Solidariedade Social continuam a recusar esclarecer um "estranho fenómeno" que todos os meses acontece no IEFP revelado nos dados divulgados por este Instituto público tutelado pelo ministro do Trabalho, que temos vindo a denunciar há vários anos a esta parte.

O quadro seguinte, construído com dados também constantes do Boletim Estatístico de Março de 2009 do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, mostra o "estranho fenómeno" que todos os meses acontece com os ficheiros do IEFP.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

propósito da Lei de Financiamento dos Partidos Políticos



Algumas verdades no mar de mentiras e mistificaçõese um alerta para concepções e práticas antidemocráticas

Muitos não sabendo do que falam, muitos outros mentindo e deturpando por saberem exactamente do que falam, ergueram uma operação a propósito das alterações à lei do financiamento dos partidos. Os objectivos são claros: identificar no PCP a responsabilidade destas alterações, favorecendo a ideia de que os partidos são «todos iguais», tão necessária quanto indispensável para garantir que os «iguais» de facto se perpetuem no poder.No mar de escândalos e de enriquecimento ilícito e da escandalosa drenagem de dinheiros públicos para salvar banqueiros e especuladores, nada melhor do que instrumentalizar as alterações agora aprovadas para desviar atenções. Nesta campanha de meias verdades, algumas engenhosas mistificações e abundantes mentiras, vale a pena deixar sublinhadas sete verdades, que clarificam e rectificam o que sobre a questão se tem lido e visto.



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quinta-feira, 14 de maio de 2009


Se eles pudessem….


As concepções e práticas antidemocráticas de muitos dos membros do Governo PS, a obstinada perseguição aos comunistas e ao Movimento Sindical Unitário e o desespero provocado pelo protesto e pela luta contra a sua política têm estado na origem de escandalosas e inaceitáveis afirmações e atitudes, reveladoras do conteúdo reaccionário da política que levam por diante contra os trabalhadores, o povo e o País.

Sete dias apenas separam três situações que são em si ilustrativas dos tempos que correm. A primeira que aqui assinalamos registou-se nas comemorações do 1.º de Maio em Coimbra, onde um «graduado» solicitou aos dirigentes da União de Sindicatos presentes no local a cedência da listagem das palavras de ordem a utilizar na referida manifestação, cedência que justamente terá sido recusada, pois, como é evidente, não cabe às forças de segurança qualquer julgamento ou apreciação do conteúdo político de uma manifestação, coisa que é assim no nosso País, desde a Revolução de Abril de 1974.

A segunda, para lembrar as declarações a 6 de Maio do Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, a propósito do questionamento que realizou sobre a presença de vários dirigentes da FENPROF na lista da CDU ao Parlamento Europeu, bem como da legitimidade das acções de luta previstas pelo movimento sindical docente para o mês de Maio, nomeadamente a manifestação de dia 30. Isto é, considerou-se o governante no direito de negar aos dirigentes sindicais os seus direitos políticos, inclusive o de serem candidatos da CDU, para a seguir procurar atacar por via do anticomunismo a unidade no seio dos professores, coisa que, como tem sido evidente, não conseguiu, nem consegue.

A última, para assinalar a decisão do Tribunal de Guimarães que, no dia 7 de Maio, absolveu – independentemente das considerações e motivações presentes no acórdão – os quatro dirigentes sindicais acusados de «manifestação ilegal», num processo que, apesar da decisão favorável aos trabalhadores, constituía uma clara tentativa de criminalização da luta e de condicionamento da capacidade de acção do movimento sindical unitário.

O que fica claro destes três episódios é que a vontade de liquidar a capacidade de luta e resistência à política de exploração que comanda o País é muita, mas não é maior do que a coragem e a determinação dos homens e mulheres que nos seus locais de trabalho, nas suas empresas, nos seus sindicatos lutam pelos seus direitos enquanto trabalhadores. Entre eles, e por direito próprio, contam-se muitos militantes comunistas cujo papel na defesa desses direitos, na construção da unidade entre os trabalhadores, na elevação da sua consciência política – incluindo na opção de voto - é fundamental. Não tenhamos dúvidas, se eles pudessem….mas não podem!
  • Vasco Cardoso


quarta-feira, 13 de maio de 2009

A pobreza em Portugal
A política de constante baixa dos salários reais dos trabalhadores há muito é defendida pela vintena de economistas que, nas suas passagens de turno pelos diversos cargos do Estado, desde o Banco de Portugal ao Ministério das Finanças, sempre impuseram essa política anti-social, ao mesmo tempo que se brindam com ordenados de milhões de euros anuais e reformas de milhares de euros mensais, independentemente do tempo de desconto. Os resultados estão à vista: 2 milhões de pobres em Portugal, «dos quais 300.00 são crianças, 596.000 são reformados e cerca de 586.000 são trabalhadores por conta de outrem…»


domingo, 10 de maio de 2009


Fabricação

Muita tinta tem corrido a propósito da peregrina ideia da constituição de um «bloco central» no seguimento das próximas eleições legislativas. Tese que tem estado mais ou menos latente nos últimos meses e que foi trazida para o debate público por Cavaco Silva nas comemorações do 35.º aniversário do 25 de Abril e logo secundada por outros, desde o presidente da CIP até ao ex-Presidente da República Jorge Sampaio.

Apresentam-na ao País como se de uma novidade se tratasse e invocam para a sustentar o perigo da «instabilidade política» e das «condições de governabilidade» do próximo executivo para fazer face a uma «situação difícil».

Mais do que um recurso a que o capital terá sempre condições de recorrer para assegurar a continuidade de uma política favorável aos seus interesses de classe – possibilidade que, como é evidente, tem sempre o inconveniente de por a nu o facto de PS e PSD serem as duas faces da mesma moeda - o debate sobre esta questão cumpre naturalmente outros propósitos, seguramente mais imediatos:

Desde logo, a possibilidade que é dada a PS e a PSD para, quando questionados sobre este cenário, logo se demarcarem e cumprirem assim a rábula das grandes “divergências. Oculta que são precisamente estes os responsáveis – PS e PSD, sozinhos, em coligação ou acompanhados pelo CDS - que nos últimos trinta anos impuseram uma política contrária aos interesses dos trabalhadores, do Povo e que conduziram o país a esta situação. Serve para atrair para estes dois partidos o voto de muitos dos que se deixam condicionar pela ideia de que, perante a crise, não há alternativa à actual política de direita justificando a tese de que esta não é altura para grandes mudanças, para opções de ruptura como propõe o PCP.

E por último, vai fazendo caminho (e «cabeças») para uma nova fase de sacrifícios a ser imposta logo após estas eleições, caso vejam alcançados os seus objectivos.As operações e manobras que estão em curso para tentar condicionar a opção de voto de milhões de portugueses nas próximas batalhas eleitorais, estão longe de se esgotarem nesta fabricação. Como vimos nos últimos dias, desde as operações montadas contra o PCP, passando pelas mais impressionantes sondagens, e terminando nas constantes descriminações na comunicação social, tornam mais claro que o objectivo do capital de garantir a continuidade da política de direita é inseparável da tentativa de limitar o crescimento do PCP e da CDU. Mas não há nada, rigorosamente nada, que possa impedir que sejamos construtores do nosso próprio resultado.

  • Vasco Cardoso

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Golpes Baixos


A campanha de provocações e calúnias que se desenvolveu contra o PCP na sequência dos incidentes do Martim Moniz deu largas ao mais primário anticomunismo, que é - invariavelmente como a História o demonstra - expressão concreta de intolerância, sectarismo, tentativa de divisão dos trabalhadores e ataque directo à democracia.

O regozijo pela possibilidade de «bater» no PCP foi evidente nas infindáveis horas de propagação de mentiras em alguns órgãos de comunicação social, com destaque para a RTP, e nas tão provocatórias como ridículas palavras de Vital Moreira reivindicando a «sua Marinha Grande» ou afirmando que «As "brigadas Brejnev" (…) resolveram ontem fazer das suas»(1). José Sócrates também explorou o filão: «Foram os militantes do Partido Comunista que insultaram os dirigentes do PS». «uma vergonha para a democracia», concluía, dando corpo à verborreia de Vital Moreira do «desprezo [do PCP] pela democracia liberal»(2).

Já Miguel Portas, lesto na demarcação, optou por usar o termo «sectarismo» com que invariavelmente brinda as sua «profundas» análises ao PCP para classificar os incidentes, numa clara tentativa de identificação partidária do sucedido. Já Daniel Oliveira, tão destacado membro do Bloco de Esquerda como papagaio do PS, referia no seu Blogue: «este tipo de comportamento (…) corresponde a um ambiente cada vez mais crispado com tudo o que não seja PCP (…). E ele é alimentado por esta direcção do partido, a mais sectária que o PCP teve desde o 25 de Abril(3).Ora, parece agora, que quem chamou traidor a V.M. não foi propriamente um «arruaceiro e sectário comuna».

A frase de D.O. «“Não é por acaso que o insulto que Vital Moreira mais ouviu foi o de “traidor”(4)» adquire neste contexto um especial significado. Esperamos sinceramente que o perceba. Será um primeiro passo na aprendizagem do que é unidade dos trabalhadores e do quanto injustiçados se sentem. E podem D.O., e outros, sossegar. O PCP não usará contra eles os golpes baixos e a «vozearia» de que foi alvo. Apenas continuaremos a exigir o justo e devido pedido de desculpas ao PCP. Caso contrário será «uma vergonha para a democracia» e um profundo sinal de «sectarismo».
_________

(1)http://causa-nossa.blogspot.com/2009/05/diario-de-candidatura-25.html(2) http://causa-nossa.blogspot.com/2009/04/diario-de-candidatura-9.html(3) http://arrastao.org/sem-categoria/o-sectarismo-do-pcp-prejudica-os-trabalhadores/(4) Idem
  • Ângelo Alves

(Des)memória

«Desde 1974, dias depois da Revolução dos Cravos, que o Primeiro de Maio se tornou a festa da fraternidade e da dignificação dos trabalhadores, aberta a todos os que nela queiram participar.» As palavras de Mário Soares, no artigo publicado esta terça-feira, 5 de Maio, no DN, estão longe de fazer jus ao lema que preside ao espaço, a saber, o tempo e a memória. Das duas uma, ou a memória de Soares está (outra vez) muito abalada ou os tempos não estão (se é que alguma vez o estiveram...) para lembrar a verdade dos factos. O motivo da dúvida – meramente metódica, confesso – reside num «pormenor» incontornável, cujo está intimamente ligado aos degradantes incidentes que depois viriam a ocorrer na manifestação do já longínquo 1.º de Maio de 1975.

Nesse ano, Mário Soares recusou-se a participar na «festa da fraternidade», como hoje lhe chama, alegadamente por discordar que, além dos dirigentes sindicais, nela discursasse Vasco Gonçalves, então primeiro-ministro do Governo que ele próprio integrava. A coisa podia ter ficado por aí, mas o que se passou foi completamente diferente. Cedemos a palavra a Soares para que nos conte como foi: «Estragámos a Festa. Entrámos no estádio de roldão, em puro confronto físico, [...] abrindo caminho ao empurrão, ao soco e aos encontrões. [...] Quando lá chegámos [à tribuna] fomos impedidos de entrar por elementos da Intersindical [...]. Impossibilitados de entrar e de usar da palavra» (entrevista concedida em 1995 a Maria João Avillez, depois editada em livro Soares. Ditadura e Revolução, págs 430-431).

A versão dos factos dada em 1975 não foi esta, mas algo muito parecido com o que agora Soares escreveu no DN: «Tentaram, então, evitar a entrada no Estádio Primeiro de Maio aos dirigentes e aos militantes socialistas e impediram que Salgado Zenha e eu próprio, ambos membros do Governo de Vasco Gonçalves, depois de atravessarmos o campo entre encontrões e injúrias, tivéssemos acesso à tribuna dos discursos...»

A discrepância entre as duas versões – uma confessando a provocação e outra assumindo o papel de vítima – é por demais evidente e dispensa comentários. Mas é certamente sintomático que Mário Soares volte ao assunto em 2009 para dizer que «não foi a primeira vez» que a «intolerância» se fez sentir no 1.º de Maio. Não menos sintomático é ainda o facto de Soares, tendo despido a camisola do «puro confronto físico» de 75 e envergado o fato da «tolerância» dos novos tempos, não dedicar uma linha da sua escrita aos que acusam o PCP de instigar «à violência e ao ódio» por não abdicar da justa crítica, condenação e repúdio das políticas de direita impostas (também) pelos que se dizem socialistas.

Já agora, para quem tem memória curta, vale a pena lembrar que o 1.º de Maio é muito mais do que a «festa da fraternidade». É, sobretudo, a festa que celebra a luta de todos os dias e de todos os trabalhadores contra a exploração, pela justiça social, pelo progresso, pela paz. Uma festa como esta celebra-se na rua, na secular convicção de que as ruas são do povo; por isso ninguém está livre de uma ou outra provocação, como às vezes se comprova.

  • Anabela Fino

quarta-feira, 6 de maio de 2009


trinta mil saudam Pete Seeger

O 90º. Aniversário Pete Seeger foi assinalado no domingo com um grande concerto em Nova Yorque.


Foi negado o visto de entrada nos EUA, ao Trovador Silvio Rodriguez para estar na festa dos seus 90 anos


segunda-feira, 4 de maio de 2009

1º de Maio Grandiosos protestos contra a Politica do Governo

1- As comemorações do 1º de Maio juntaram em todo o país centenas de milhares de manifestantes. Quatro traços comuns fundamentais marcaram as manifestações e concentrações realizadas: a impressionante mobilização unida de trabalhadores de todos os sectores de actividade, a forte presença de jovens, a denúncia e recusa das políticas de direita, a reivindicação de uma mudança de rumo para o país.

2- O contexto em que este 1º de Maio se realiza justifica apreensão, em particular no que diz respeito à gravidade da evolução da situação social: com o crescimento do desemprego, acelerado pela desfaçatez com que o patronato - com a conivência do Governo - usa e abusa do lay-off. Com a forma como o patronato invoca a ”crise” para novos encerramentos de empresas, novos ataques a direitos dos trabalhadores, novas tentativas de redução de salários e de completa desregulação dos horários de trabalho. Com a forma como o Governo, que desencanta milhões para acudir aos bancos e para acções de propaganda, adopta tardias e insignificantes medidas de apoio social. Alastram situações de extrema penúria para os trabalhadores e as famílias, em cada vez mais casos sem recursos para fazer face a necessidades básicas do dia-a-dia.

3- Mas o ambiente deste 1º de Maio não foi nem de desmobilização nem de desânimo. Foi, pelo contrário, de grande e combativa consciência de que esta situação não constitui uma fatalidade, de que há quem seja responsável pelas políticas que a ela conduziram, de que tem solução e saída na ruptura com essas políticas. É nesses termos que o 1º de Maio de 2009 se insere nas complexas batalhas políticas e sociais do ano em curso.

4- Três provocações são sintomáticas do ambiente em que estas batalhas se travam. Uma é a escolha deste dia para um canal de televisão passar um documentário de evocação elogiosa de Marcelo Caetano.

5- Outra é o facto de a UGT, braço “sindical” do patronato e da política de direita, ter aproveitado a véspera do 1º de Maio para uma acção organizada de remoção e destruição de materiais de propaganda de uma força política, a CDU.

6- Outra provocação ainda é a forma soez como o PS procurou tirar proveito da lamentável recepção hostil que o seu candidato Vital Moreira recebeu de alguns dos trabalhadores concentrados no Martim Moniz. O insulto não deve ser tolerado como arma política. Mas muito pior do que a atitude de quem vaiou Vital Moreira é a reacção do PS, que encontra nesse incidente motivo para um miserável ataque contra a CGTP e o PCP, procurando responsabilizá-los por um estado de espírito que, no fim de contas, tem nas políticas do Governo Sócrates a principal causa.

7- Estas provocações são o que são e valem o que valem. Não podem, em nenhum caso, ensombrar aquilo que o 1º de Maio reafirmou: a luta continua, e não são os trabalhadores quem, no momento actual, está na defensiva.
  • Os Editores de odiario.info

domingo, 3 de maio de 2009


E não se pode trincá-lo?

Quem tem um Magalhães tem tudo, quem não tem Magalhães não tem nada. Melhor dizendo, não é nada. É assim uma espécie de parasita, de marginal, de zombi que só por acidente será capaz de alinhavar duas frases seguidas, juntar um par de números ou olhar para o mundo com compreensão distinta da de boi para palácio, como soe dizer-se. Essa é pelo menos a conclusão que se pode tirar da entusiástica intervenção do expert em tecnologias da informação, autor e homem de negócios canadiano Don Tapscott, que a semana passada esteve em Portugal a participar no Fórum Mundial das Telecomunicações.

Tapscott ficou maravilhado por verificar que as escolas portuguesas – ou pelo menos as salas de aula que teve oportunidade de visitar, o que não é exactamente a mesma coisa – estão em sintonia com as suas teses, pelo que não hesita em dizer que Portugal está bem lançado no caminho do futuro.

Lançado devia estar Tapscott, e não seria pouco, quando no supra citado Fórum, segundo reza o JN de segunda-feira, 27, afirmou que o «programa Magalhães é a mais sofisticada e avançada implementação das tecnologias de informação em educação no Mundo» e que «não há nada mais importante para um país, neste momento da História, do que dar às suas crianças o seu direito de nascença que é ter acesso a um novo meio de comunicação que melhora a sua aprendizagem e experiência humana (sublinhados nossos)».

Esqueçam as botinhas de lã, os casaquinhos, as fraldas, o leite, as papas, a sopa, a casa confortável, as vacinas, o pediatra, os brinquedos, o pai e a mãe, o avô e a avó; tudo isso não passa de lixo arqueológico a cair da tripeça. O que as crianças precisam de ter garantido à nascença é um Magalhães (a JP Sá Couto agradece...) para garantir o futuro.

E já agora, se tiverem o azar de fazer parte dos mais de dois milhões de portugueses que vivem abaixo do limiar da pobreza, não desesperem. Com um pouco mais de fome e até o Magalhães parece um menu light da McDonald's.

Para que conste, não tenho nada contra as tecnologias da informação e acho que a existência de computadores na escola é evidentemente uma mais-valia. Mas se é para tamanha demagogia, mais valia meterem o Magalhães no saco.
  • Anabela Fino
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