sexta-feira, 26 de dezembro de 2008


A não ser que...



Manuel Alegre sabe o que quer. Nos últimos tempos desdobra-se em entrevistas, discursos e intervenções em que, com a clareza possível, expõe os seus pontos de vista. Claro que, com tanta exposição mediática e tanta declaração política, Manuel Alegre nem tem tempo para assentar nas ideias e tem vindo a optar por uma expressão que o defende, mas também que é reveladora da sua actual posição.

Puxando dos seus dotes de oratória e das certezas certas de quem já tem todo o passado do mundo, à pergunta por onde vais, responde sempre – vou por ali, a não ser que...

Pensam que isto é só maledicência? Então vejamos.

Como é que vai votar o orçamento? Voto a favor, a não ser que me dê jeito não estar...

Vai votar no Partido Socialista? Neste momento não, a não ser que o PS mude, a não ser que volte a ser o que já foi...

Quer uma alternativa para ir a votos? Sim, a não ser que não seja necessário no imediato...

Vai ser candidato às próximas eleições legislativas? Não, nem pensar, a não ser que venha por aí um forte apelo cívico...

Teria gosto em estar com Sócrates, no jantarzinho de Natal? Sim, com certeza, a não ser que esteja com um certo e conveniente cansaço...

A não ser que a nossa memória nos traia, não há aqui nada de propriamente novo. Manuel Alegre sempre cumpriu este papel de reserva moral à esquerda das políticas de direita do PS, ameaçando bater com a porta... a não ser que valores mais altos se levantem.

Cá para mim, Manuel Alegre só não pensaria era, nesta fase da sua vida, andar metido nestes filmes. A não ser que a política anti-social do PS levasse a um amplo descontentamento popular e, consequentemente, às mais significativas e combativas acções de massas dos últimos anos, e a não ser que, correspondendo à sua posição firme e coerente de oposição, nas palavras e nos actos, à política de direita do Governo PS, cresça e se afirme o prestígio do PCP.

Ora isto, convenhamos, são muitos «a não ser que». E, a não ser que eu esteja muito enganado, estamos mesmo a ver no que é que isto vai dar.
  • João Frazão

Não sei se dizer Obrigado ou Parabéns


A Revolução Cubana comemora 50 anos daqui a uma semana. É obra. Um povo de 10 milhões de Homens e Mulheres, de um pequena ilha do Caribe, com o aparelho produtivo destruído por 500 anos de exploração colonial, atreveu-se a ser livre. Libertou-se da ditadura, libertou-se da colonização norte-americana, libertou-se do capitalismo, libertou-se do analfabetismo, libertou-se dos exploradores e dos parasitas, e vai-se libertando do secular atraso económico e social.

Perante a derrota de Moncada e o difícil desembarque do Granma, escolheu seguir em frente. Perante o mais feroz bloqueio de um inimigo incomensuravelmente mais poderoso, escolheu seguir em frente. Perante a derrota da revolução na URSS, com as mais brutais consequências para a economia cubana, escolheu seguir em frente.

Perante as fragilidades económicas típicas de um país vítima da pilhagem colonial, apostou no mais importante capital de uma nação - o seu povo - e escolheu seguir em frente.Enviou pelo mundo o mais internacionalista dos exércitos, dezenas de milhares de médicos, professores e técnicos apoiam há mais de 30 anos o desenvolvimento de dezenas de nações - e são cubanos os médicos do deserto do Sahara, do Soweto e dos bairros pobres de Caracas. Recebeu centenas de milhares de jovens dos países do chamado terceiro mundo, a quem deu uma formação académica ou técnica. Em Cuito Canavale as suas forças armadas deram um contributo decisivo para derrotar o exército do Apartheid, e para a liberdade da África do Sul, da Namíbia e de Angola.

A Revolução Cubana deu (e dá!) um valioso contributo para a causa da emancipação humana, e ensina não só o que é a liberdade, mas muito mais importante, ensina que é possível ser livre. É pois bem merecido o ódio que lhe votam os exploradores, os parasitas e todos os lacaios do monstruoso sistema que oprime a Humanidade. Mas bem mais valioso e imortal é o respeito, a gratidão e o carinho dos povos deste planeta.

Neste dia 31, será com rum o brinde lá em casa. Aos revolucionários cubanos: Obrigado e Parabéns. Venceremos!
  • Manuel Gouveia
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