sábado, 30 de agosto de 2008

O Financial Times e o "auto-confesso mentor do 11/Set"


Nos últimos dias há uma evidência crescente do avanço do totalitarismo entre os políticos e os media "de referência". Todo o mundo ocidental, conduzido pelos Estados Unidos, abraçou um regime georgiano que invadiu a Ossétia do Sul demolindo totalmente a sua capital com 50 mil habitantes, assassinou 1500 homens, mulheres e crianças e dúzias de russos das forças de manutenção da paz. Os EUA mobilizaram uma armada naval e aérea junto à costa iraniana, preparados para aniquilar um país de 70 milhões de pessoas. O New York Times publicou um ensaio de um eminente historiador israelense que advoga a incineração nuclear do Irão. Todos os mass media principais montaram uma campanha de propaganda sistemática contra a China, apoiando todos os grupos terroristas e separatistas e estimulando a opinião pública para o lançamento de uma Nova Guerra Fria. Há pouca dúvida de que esta nova onda de agressão imperial e retórica belicosa é destinada a desviar o descontentamento interno e distrair a opinião pública do aprofundamento da crise económica.

O Financial Times (FT), outrora a voz liberal e esclarecida da elitefinanceira (em contraste com o Wall Street Journal, agressivamente neo-conservador) rendeu-se à tentação totalitária-militarista. O artigo do suplemento de fim de semana, de 16-17/Agosto/2008 — "A cara do 11/Set" ( "The Face of 9/11" ) — adopta a confissão forçada de um suspeito do 11 de Setembro extorquida através de cinco ano de tortura odiosa nas masmorras de prisões secretas. Para fazer a sua argumentação, o FT publicou uma foto ampliada de meia página divulgada antes pelo antigo director da CIA George Tenet, a qual apresenta um prisioneiro desgrenhado, confuso, peludo como um macaco.

O texto do escritor, um tal Demetri Sevastopulo, confessa isto: O FT admite ser um veículo de propaganda para um programa da CIA destinado a desacreditar o suspeito enquanto este aguarda julgamento com base em confissões obtidas através da tortura.

Desde o começo até o fim, o artigo declara categoricamente que o acusado, Khaled Sheikh Mohammed, é o "auto-confesso mentor (mastermind) dos ataques do 11 de Setembro nos EUA". A primeira metade do artigo é cheia de trivialidades, destinadas a proporcionar um sentimento de interesse humano para com o tribunal e o procedimentos judiciais — uma mistura bizarra que discute desde o nariz de Khaled até a dimensão da sala do tribunal.

O ponto central de partida para a convicção do FT quanto ao suspeito é a confissão de Khaled, seu "desejo de martírio", sua compreensão da sua própria defesa e sua recitação do Corão. A peça crucial do processo do governo é a confissão de Khaled. Todas as outras "evidências" eram circunstanciais, por rumores e com base em inferências decorrentes do comparecimento de Khaled a reuniões no estrangeiro.

A principal fonte informação do FT, um informante anónimo "familiar com o programa de interrogatórios da CIA", declara categoricamente dois factos cruciais: (1) Quão pouco a CIA sabia acerca dele antes da sua prisão (ênfase minha) e (2) que Khaled resistiu mais do que os outros.

Por outras palavras, a única evidência real da CIA foi extraída pela tortura (a CIA admitiu ter efectuado o "water boarding" — uma técnica de tortura infame que leva quase à morte for afogamento). O facto de que Khaled negou reiteradamente as acusações e de que ele só confessou após cinco anos de tortura em prisões secreta torna todo o processo um caso de estudo em jurisprudência totalitária. Tendo sido sujeitos a torturas indizíveis por investigadores judiciais estado-unidenses, enfrentando acusações baseadas numa confissão extraída através da tortura, não é de admirar que Khaled tenha recusado um advogado militar nomeado pelo tribunal — um advogado que faz parte de um sistema de prisões secretas, torturas e julgamentos espectáculo. Ao invés de retratar Khaled como um fanático à procura de martírio por rejeitar um advogado, devemos reconhecer que ele está no seu perfeito juízo para pelo menos preservar o limitado espaço e tempo que lhe é concedido a fim de declarar as suas crenças e mencionar a sua disposição para morrer por aquelas crenças. Confissões extraídas através de tortura não têm validade em qualquer tribunal, especialmente após cinco ano de confinamento solitário. Aquilo que o FT denomina "o super-terrorista" com base no seu declarado "desejo de martírio" é a admissão de um indivíduo que sofreu para além da resistência humana e vê a morte como um fim para a sua horrível existência sub-humana.

A adopção pelo FT da prova coagida da CIA e dos militares, e portanto da sua utilização da tortura, coloca-o directamente no campo do estado totalitário. A viragem à direita do FT espelha a viragem europeia rumo à confrontação militar dos EUA com a Rússia, e o fortalecimento (buid-up) militar na Polónia, República Checa, Kosovo, Iraque e Geórgia. Ao legitimar a tortura, o FT abriu a porta para tornar práticas judiciais totalitárias, detenções arbitrárias, prisões secretas, confinamento solitário prolongado, julgamentos espectáculo e estórias de encobrimento uma parte normal da vida política ocidental. O refinado fascismo britânico não é menos feio do que a sua enfurecida versão estado-unidense.

  • James Petras

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A Geórgia no contexto da partilha internacional do mundo



A decisão russa de responder à provocação da Geórgia e à incapacidade norte-americana de intervir militarmente não é compreensível sem uma informação completa sobre os novos alinhamentos político militares e a profunda crise económica mundial em desenvolvimento.




Atolado em duas guerras, Iraque e Afeganistão, onde, sem honra nem glória, já perdeu a capacidade de iniciativa, em pleno desenvolvimento de uma crise mundial cujos indicadores são mais graves que os da crise de 1929 e que não se sabe quanto durará, mas onde já se vislumbra claramente o fim do dólar como moeda única de reserva do mundo, com o continente latino-americano em crescente contestação ao modelo neo-liberal e à globalização imperialista, o imperialismo ocidental, particularmente o norte-americano, assistiu ao conflito bélico desencadeado pela invasão Geórgia à Ossétia do Sul, com a sua capacidade de intervenção claramente diminuída.

A Rússia, que já dissera não aceitar o seu afastamento da nova partilha internacional do mundo [1], respondeu, ao que disse, para proteger as suas forças de manutenção da paz e defender os ossetios da agressão.

Saakashvili, eleito em 2004, com 95% dos votos, necessitava de inverter o declínio da sua imagem interna. A sua popularidade caíra em Janeiro último para 53% e continuou a curva descendente, devido à brutalidade com que reprimia as manifestações de opositores e ao silenciamento das críticas por mais leves que fossem.

Mostrando não ter compreendido a nova realidade e a reacção russa à declaração unilateral de independência do Kosovo em Fevereiro passado, Saakashvili lançou-se, com os resultados que já se estão a ver, numa guerra pela recuperação da Ossétia do Sul, esperando a passividade da Rússia, pela cobertura que supunha ter dos EUA e da UE.

Era a fórmula ideal para recuperar o prestígio perdido, como o demonstra a declaração de Alexander Roussetski, director do Centro de Segurança Regional do Cáucaso do Sul, sediado em Tbilissi, no dia do início do ataque: «O povo está com ele, porque compreende que é preciso fazer qualquer coisa.Um opositor já apelou a uma moratória na luta contra Shaakashvili».

A campanha desinformativa

Incapacitado de intervir militarmente em apoio do exército georgiano, de imediato se assistiu a uma fortíssima campanha de desinformação onde a Geórgia é tratada como vítima e os ossetios são apresentados como agressores apoiados pelo exército russo. Esta campanha, no entanto, só encontrou algum eco na opinião pública por um facto anómalo, mas real: é muito elevado o número de pessoas, de esquerda e direita e dos mais diferentes níveis de instrução, que olham a Rússia com os sentimentos de simpatia e antipatia que tinham para com a União Soviética! Tudo se passa como se a Rússia não fosse um Estado capitalista, fervorosamente neo-liberal.

Em Portugal, Cândida Pinto, no Jornal das 13 da SIC de 16 de Agosto, ao que parece propositadamente, pois nem ela nem o pivot corrigiram o erro grosseiro, chegou a citar um «general soviético» (sic) a propósito das intenções russas na resposta à agressão da Geórgia à Ossétia do Sul!

As bravatas de oratória de Bush, quando era já evidente que não ia apoiar militarmente a Geórgia, eram apresentadas como «sérios avisos» ou «exigências». E dos «sérios avisos» Bush passou, 4 meses depois de reconhecer a independência do Kosovo, à grotesca «exortação» a que Medvedev, não aceite a deliberação do Senado russo a pedir o reconhecimento imediato da independência da Ossétia e da Abakhasia…

Organização da Conferência de Shangai

Aproveitando o vazio estratégico criado pela derrota e posterior desmantelamento da URSS, os EUA lançaram uma vasta operação diplomática e militar pelo controlo da Ásia Central, tendo chegado a ter presença militar nas ex-repúblicas soviéticas de Kazaquistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Kirguisistão, com o que pensava fechar o cerco à Rússia e dominar aquela importante região petrolífera.

Então, sem capacidade para impedir o cerco que se avizinhava, a Rússia procurou as alianças possíveis que lhe permitissem não só evitar o cerco como, no futuro, lutar pela partilha internacional do mundo. E em 1996, numa conferência de chefes de Estado, o Cazaquistão, a China, o Kirguisistão, a Rússia e o Tajiquistão criam em Xangai a Organização da Conferência de Xangai (OCS), com sede em Beijing. O Uzbequistão juntou-se em 2001, depois de Karimov, presidente desde Dezembro de 1991, ter constatado que o seu «alinhamento com os EUA não lhe assegurava a manutenção no poder…».

Apresentada como um «novo modelo de cooperação internacional, nascido da necessidade de resolver disputas», a OCS evoluiu e alargou-se à cooperação e intercâmbio militar, tendo realizado o primeiro exercício militar conjunto em 2007.

É hoje claro que a OCS é cada vez mais uma estrutura de resposta à NATO e ao sonho do império planetário.

A decisão russa de responder à provocação da Geórgia e a incapacidade norte-americana de intervir militarmente não é compreensível sem uma informação completa sobre os novos alinhamentos político-militares e a profunda crise económica mundial em desenvolvimento. Ao ocultarem essa informação, os media ocidentais manipularam uma vez mais a opinião pública dos seus países.
O mundo está mais perigoso
Incapacitado para uma nova intervenção militar, o imperialismo norte-americano não se ficou pelos «sérios avisos».
Acordou com a Polónia a colocação neste país de uma base de mísseis, integrada no sistema antimíssil norte-americano na Europa (já há um acordo igual com a sempre obediente República Checa). Trata-se de uma decisão gravíssima que põe em causa, em primeiro lugar, a segurança dos povos europeus.

A decisão, há muito defendida pela equipa belicista de Bush, obteve da Rússia resposta antecipada na citada conferência de imprensa de Putin: «Se eles colocam um sistema de defesa de mísseis na Europa – e advertimo-los hoje – haverá represálias.Temos de garantir a nossa segurança. Não somos os impulsionadores deste processo. (…) Os Estados Unidos estão a construir um enorme e dispendioso sistema antimíssil que custará muitos milhares de milhão de dólares. (…) Construiremos sistemas que serão muito mais baratos, ainda que suficientemente eficazes para superar o sistema de defesa antimíssil e, portanto, manter o equilíbrio de forças no mundo. (…) Podemos aproveitar as nossas vantagens competitivas, por exemplo as capacidades militares-industriais avançadas e as capacidades intelectuais do pessoal do nosso complexo militar» [1].

Pesem as declarações em contrário é uma nova corrida armamentista que está em curso entre dois países em luta pela partilha internacional do mundo.

A luta pela paz e o desarmamento é cada vez mais a defesa da civilização contra a barbárie. «A guerra faz-se com homens e mulheres.Mas a paz também» [2].

[1] Conferência de imprensa de Putin em 4 de Junho de 2007 na reunião do G8. Este esclarecedor documento foi publicado na íntegra em www.odiario.info de 25 e 26 de Julho de 2007.[2] Apelo à paz do Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC) de 1 de Agosto de 2008, in www.cppc.pt/index.htm.



  • João Paulo Gascão

FIRMEZA DETERMINADA


" O anticomunismo é sempre antidemocrático, sejam quais

forem as roupagens que enverga"


A ofensiva ideológica anticomunista tem vindo a assumir crescente intensidade nos últimos tempos. Difundida por uma rede mediática composta pela quase totalidade dos órgãos de comunicação social – e que constitui a mais poderosa máquina de propaganda alguma vez existente – essa ofensiva segue os caminhos velhos da repetição exaustiva de velhas mentiras, manipulações, deturpações, falsificações exaltando as bondades do capitalismo e execrando todos os que se lhe opõem e, caso dos comunistas, lhe apresentam alternativas.
Os Jogos Olímpicos de Pequim foram um dos pretextos recentes para os propagandistas do sistema dominante virarem todas as suas baterias desinformativas contra a China. Ouvindo-os e lendo-os, dir-se-ia que vivemos num mundo onde os direitos humanos são harmoniosamente cumpridos e que só a China impede a universalidade dessa harmonia.Ou seja, de um lado – o lado bom – os paladinos do bem, da democracia, da liberdade e dos direitos humanos; do outro lado – o lado mau – a personificação do mal, da ausência de tudo o que no lado bom existe...

E ficaremos com uma ideia aproximada da dimensão desta patranha se verificarmos que quem assim pensa e fala, o faz em nome dos chefes de um sistema onde todos os dias morrem (à fome e por falta de cuidados de saúde) dezenas de milhares de pessoas; onde muitas centenas de milhões de cidadãos estão no desemprego, vivem em condições sub-humanas e vêem os seus direitos (humanos...) todos os dias desrespeitados e violados – um sistema cuja manutenção implica, por parte dos seus chefes, o recurso a um vale-tudo que com crescente frequência passa pela ocupação brutal de países soberanos e pelo assassinato de centenas e centenas de milhares de cidadãos inocentes.

Outros pretextos para a intensificação da ofensiva ideológica foram, nos últimos dias, a morte do escritor russo Soljenitsin e a rememoração dos acontecimentos de Praga em 1968. E foi espantoso verificar como um reaccionário empedernido, um admirador confesso de Pinochet e de Franco, um energúmeno que pediu aos EUA que invadissem Portugal e liquidassem a Revolução de Abril... foi apresentado como exemplo de lutador intrépido pela democracia e pela liberdade.

No segundo caso, para além da repetição exaustiva dos «argumentos» produzidos há quarenta anos, os estoriadores do regime aproveitaram para repetir a tese da perda, pelo PCP, da «hegemonia na luta antifascista» - tese com a qual procedem a mais uma revisão da história.

E ssa ofensiva ideológica é, obviamente, suporte essencial da política de direita que o PS e o PSD (com ou sem o CDS/PP atrelado) há trinta e dois anos têm vindo a aplicar em Portugal – a confirmar que, como a História está farta de nos ensinar, o anticomunismo é sempre antidemocrático, sejam quais forem as roupagens que enverga em cada situação.

Com efeito, o anticomunismo tem constituído a base ideológica essencial da ofensiva contra o regime democrático de Abril, ofensiva que - iniciada no preciso ano em que a Constituição da República Portuguesa consagrava esse regime – tem vindo a seguir desde então as suas linhas clássicas, desenvolvendo-se em três caminhos paralelos, complementares e simultâneos: o ataque aos direitos dos trabalhadores; o ataque às suas estruturas representativas unitárias e o ataque ao seu partido de classe.

O Código do Trabalho – expressão concreta dessa ofensiva ideológica - segue por esses dois primeiros caminhos, procurando esfacelar direitos conquistados pela luta dos trabalhadores portugueses ao longo de muitas décadas e consolidados e alargados na sequência da revolução de Abril; remetendo as relações de trabalho para um passado que, em muitos aspectos, remonta ao século XIX; e tendo na mira a CGTP – IN, construída nas condições difíceis da clandestinidade e construção maior da movimento operário português.

Exemplos outros do carácter antidemocrático, logo anticomunista, da ofensiva são as leis dos partidos e do seu financiamento.

São leis profundamente antidemocráticas, começando por sê-lo pelo facto de terem sido selectiva e cirurgicamente elaboradas visando o PCP enquanto partido da classe operária e de todos os trabalhadores, e sendo-o ainda mais pelo seu conteúdo – no primeiro caso, pretendendo proibir os militantes comunistas de decidirem sobre o que querem que seja o seu Partido e impor-lhes um modelo concebido à imagem e semelhança dos partidos que fizeram a lei; no segundo caso, constituindo um inadmissível atentado às liberdades políticas, carregado de iniludíveis ódios e rancores de classe ao PCP e àquela que é a realização mais expressiva do colectivo partidário comunista: a Festa do Avante!.

A s dúvidas expostas por jornalistas, na segunda-feira, na conferência de imprensa promovida pela direcção da Festa são bem elucidativas do carácter da referida lei e das interpretações que dela fazem os que têm como tarefa zelar pelo seu cumprimento: uma das questões em causa, é a de saber se, como o PCP sustenta, o lucro da Festa é a diferença entre as receitas e as despesas ou se, como sustentam esses zeladores, o lucro é a soma de todas as receitas...

Tal «dúvida» é por demais elucidativa do conteúdo do zelo desses zeladores...
Os ataques à Festa vão, certamente, acentuar-se nos próximos dias.
Pelo que toca ao PCP, podem os inimigos da Festa (que o são, igualmente do regime democrático) contar com a serenidade, a lucidez e a noção de responsabilidade do PCP – e, naturalmente, com a firmeza determinada construída ao longo de 87 anos de vida e de luta e de que os comunistas não prescindem seja em que circunstâncias for.
Publicado no Avante nº1813, 28.8.2008

A caminho do Estado policial


Ao promulgar, segunda-feira, a Lei da Segurança Interna e a Lei da Organização e Investigação Criminal, o Presidente da República «dá o aval a uma operação legislativa que visa assegurar um controlo político, sem precedentes, do aparelho policial e da própria investigação criminal pelo Governo», comentou José Neto, da Comissão Política do PCP, considerando ser este «o caminho para o Estado policial».Ao Avante!, José Neto disse que «para o PCP, esta promulgação não constitui surpresa» e «é um acto político que corresponde aos desígnios do bloco central de interesses, mas que é grave e deve preocupar todos aqueles que prezam a democracia e as liberdades».


«Com esta promulgação, o Presidente da República dá luz verde para o reforço de orientações e medidas securitárias e antidemocráticas, na política de segurança, que representam novos perigos e ameaças às liberdades dos portugueses», considerou o dirigente comunista.


Quanto àquelas duas leis, «o PCP mantém a convicção da inconstitucionalidade de várias normas», designadamente no que respeita a dois aspectos:- as normas que prevêem a interferência directa do secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (uma «figura política com poderes exorbitantes») na área da investigação criminal, «pondo em causa os poderes das autoridades judiciárias, nomeadamente a autonomia do Ministério Publico»;- as que referem medidas especiais da polícia, sem controlo judicial prévio (como buscas, revistas, fecho de instalações, corte de comunicações, etc.), que «atingem os cidadãos nos seus direitos, liberdades e garantias».


Avante, 28.08.2008

quinta-feira, 28 de agosto de 2008


Antes que seja tarde


Em meados deste mês, o semanário católico italiano, Famiglia Cristiana, alertava nas suas páginas, a propósito das medidas racistas do governo contra imigrantes clandestinos e ciganos, para o espectro do ressurgimento do fascismo que paira sobre a Itália.


Uma semana depois, a 21 de Agosto, a agência Lusa, citando o jornal La Repubblica, informava que um tribunal siciliano retirara a uma mulher a custódia do seu filho de 16 anos porque o menor pertencia a um «grupo extremista».


Entre as «provas do crime» entregues pelo pai do jovem aos serviços sociais da Catânia e apresentadas em tribunal juntamente com um relatório onde se afirma que o adolescente frequentava «ambientes» propícios ao «uso de substâncias alcoólicas e psicotrópicas», contam-se o cartão da Juventude da Refundação Comunista e uma bandeira com a imagem de «Che» Guevara.


O insinuado consumo de drogas não se comprovou, mas as «provas materiais do crime» convenceram o Tribunal da Catânia, que para além de decidir entregar a custódia do menor ao pai, deliberou ainda que a mãe do adolescente lhe terá de pagar 200 euros mensais de pensão de alimentos e abandonar a casa onde residia.


Para se ficar com o quadro completo desta perturbante decisão falta dizer que o Partido da Refundação Comunista fez parte da coligação que apoiou o governo de Romano Prodi até à sua queda, em Janeiro último.


O caso levou já o secretário-geral da Refundação, Paolo Ferrero, a pedir a intervenção do presidente italiano, Giorgio Napolitano, considerando «inconstitucional e inaceitável num Estado de Direito» que um tribunal baseie a sua sentença no facto de um adolescente pertencer a um partido democrático. Desconhece-se quais serão os desenvolvimentos do processo, mas quando numa «democracia» europeia se considera crime aderir a um partido de esquerda e admirar «Che» Guevara, é caso para dizer que o espectro do fascismo está não só a ganhar forma como cada vez mais força, e não apenas em Itália. Da República Checa a Portugal, da Alemanha à França, eles andam aí. Como diria o sempre actual Brecht, quando baterem à nossa porta será demasiado tarde.



  • Anabela Fino

O ilusionista

A notícia veio no Sol e até foi citada pelo Diário de Notícias: há pelo menos 100 mil «falsos» empregados nas profusas contabilidades governamentais sobre o assunto, o que transforma a actual e propalada taxa oficial de 7% de desemprego nuns deprimentes 9%...A explicação é simples e está escarrapachada na notícia: «100 mil é o universo de pessoas em formação profissional remunerada e que, por isso, não são consideradas desempregadas à luz dos critérios usados pelo Instituto Nacional de Estatística».



Não são consideradas desempregadas, mas em breve o serão: é só acabar a «formação profissional» remunerada (que geralmente dura seis meses não renováveis – era o que faltava! de «formações» a metro passar-se a «formações» de empreitada), e então sim, ficarão irrevogavelmente no desemprego e sem qualquer remuneração, o que – valha a verdade - não preocupará por aí além a propaganda governamental, porque tais desempregados já irão engrossar novas estatísticas e outras «taxas», né?



O que também se sabe – até porque já se sabia, por esse País sindical fora - é que não só a taxa de desemprego real anda mais pelos 9% do que pelos 7% que o Governo quer impingir, como a fasquia do meio milhão de desempregados efectivos já foi claramente atingida no nosso País, restando apenas averiguar em quanto já foi ultrapassada...


Tudo isto, sublinhe-se, sem entrar em linha de conta com os recibos verdes que proliferam desde a mais variada administração pública à desvairadíssima actividade privada, camuflando salários de miséria, animando explorações desenfreadas, impondo acumulações de trabalhos e empregos para se sobreviver e, finalmente, salvando as estatísticas com que o Governo vai forjando as suas «vitórias contra o desemprego». Tudo isto sem descontar, sequer, os «empregados instantâneos» com que o Governo encharca as suas estatísticas, contabilizando, às carradas, trabalhadores sazonais como empregados efectivos, indiferente ao facto de todos eles, igualmente às carradas, estarem a trabalhar à época, à semana, à hora ou até à peça, vivendo em total insegurança, nenhuma garantia e completa ausência de futuro – o que define e caracteriza a vida de um desempregado, como o Governo está farto de saber.



Foi com este pano de fundo que o primeiro-ministro José Sócrates teve, há dias, o desplante de reivindicar para o seu Governo a «criação de 130 mil novos postos de trabalho» nestes três anos de governação, chegando ao extremo de citar os seus 150 mil empregos prometidos na campanha eleitoral que lhe deu o poder para considerar que «já não falta tudo» para «concretizar a promessa»!


É evidente que José Sócrates não deu a mais leve indicação sobre o paradeiro dos tais «130 mil postos de trabalho» que o seu Governo criou assim de repente em três anos, tal como, na semana passada – como aqui mesmo nesta coluna se assinalou -, não explicou que os tais 1200 novos postos de trabalho que foi anunciar para Santo Tirso, num novo «call center»» que a PT só abrirá daqui a um ano, afinal não são «novos» e apenas correspondem ao mesmo número de trabalhadores que a PT «dispensou» nos últimos dois anos.


Em rigor, já não falta é nada para que o País veja, a entrar-lhe pelos olhos adentro, que o actual primeiro-ministro não passa de um ilusionista, mas dos maus – dos que acabam o espectáculo com todos os truques à mostra.



  • Henrique Custódio

A NOSSA FESTA É NOSSA!


A ofensiva contra a FESTA DO AVANTE! já vai em 32 anos - tantos quantos tem a política de direita...Nessa ofensiva, os inimigos da Festa - que são os inimigos da Revolução de Abril - têm utilizado os meios e métodos correspondentes, em cada momento, às práticas contra-revolucionárias.

Em 1976 - quando o terrorismo bombista era uma das suas principais armas - eles colocaram uma bomba nas instalações da FIL, dias antes da abertura da Festa, tentando, assim, impedir a sua realização.Não o conseguiram: apesar dos estragos provocados pela bomba, a Festa abriu no dia marcado á hora marcada - graças a múltiplos esforços suplementares dos militantes comunistas seus construtores.


Depois, porque a FIL era pequena, a Festa passou para o Jamor - terreno cheio de pedras, de entulho, de mato, que os militantes comunistas desbravaram e limparam construindo ali uma Festa ainda maior e mais bonita do que a do ano anterior.Dois anos depois, o Governo da altura (era do PS mas podia ser do PSD) decidiu que o terreno do Jamor era necessário para, urgentemente, ali ser iniciada uma obra que já não me lembro qual era e que, até hoje, não foi construída...

A Festa deslocou-se para o Alto da Ajuda - terreno cheio de pedras, de entulho, de mato, que os militantes comunistas desbravaram e limparam e transformaram num aprazível espaço.Anos depois, o Governo da altura (era do PSD mas podia ser do PS) decidiu que aquele terreno era necessário, com carácter de urgência, para ali construir um polo universitário (que viria a ser construído anos depois).E a Festa ficou outra vez sem terreno...

Em extremo recurso, procurou-se e encontrou-se a Quinta do Infantado, em Loures - terreno cheio de pedras, de entulho, de mato, que os militantes comunistas desbravaram e limparam garantindo ali a construção da Festa.Foi então que o Partido decidiu comprar um terreno que assegurasse a realização tranquila de Festa. E comprou-se a Quinta da Atalaia - na sequência de uma grande campanha nacional de fundos, que o colectivo partidário comunista levou por diante com êxito e para a qual contribuiram milhares de amigos e simpatizantes do Partido.A ATALAIA É NOSSA!: foi este o grito de milhares e milhares de camaradas, no dia em que teve início a primeira Festa ali realizada.

Os objectivos da política de direita em relação à Festa tinham sido uma vez mais vencidos e, aparentemente, os problemas estavam resolvidos. Aparentemente, apenas.Na verdade, o ódio deles à Festa do Avante!, é incomensurável: eles não suportam aquela que é a maior realização política, cultural, artística, convivial ocorrida no nosso País; muito menos suportam que a Festa seja construída e realizada na base, essencialmente, do trabalho voluntário, da militância revolucionária - e não dormem a pensar que a Quinta da Atalaia é, durante três dias, o espaço com maior índice de fraternidade por metro quadrado no território nacional - um pedacinho do futuro de liberdade, de justiça, de paz, de solidariedade, de fraternidade, de amizade e camaradagem, pelo qual os comunistas lutam.

Daí o seu ódio de classe à Festa; daí o seu desejo de acabarem definitivamente com ela: daí o recurso aos métodos que lhes são característicos...Foi assim que os partidos da política de direita - PS, PSD e CDS/PP - aprovaram na Assembleia da República duas leis antidemocráticas, anticomunistas e exalando nauseabundos cheiros fascizantes: as leis dos partidos e da seu financiamento - leis que, recorde-se, o então Presidente da República, Jorge Sampaio, considerou «muito positivas»...

A partir daí, como por eles estava determinado, a lei do financiamento dos partidos passou a ser a principal arma utilizada contra a Festa do Avante! - para além, é claro, das habituais provocações sobre a presença das FARC, a venda de t-shirts com o Stáline, e tantas outras em que estes «democratas» são especialistas eméritos.E aí estão eles, outra vez, ao ataque, empunhando a lei e, de dedo no gatilho, «argumentando»...

Na conferência de imprensa da direcção da Festa, ontem realizada e que alguns jornais de hoje relatam, falou-se do principal desses «argumentos» que pode levar, dizem eles, à «inconstitucionalidade da Festa»...Dizem os responsáveis pelo cumprimento da lei que a posição assumida pelo PCP é inaceitável.E qual é essa posição inaceitável?Simples:o PCP «sustenta que o lucro da Festa é a diferença entre as receitas e as despesas».Ora, para os tais «responsáveis», «o lucro da Festa é a soma de todas as receitas»...Isto é: segundo os tais «responsáveis», os lucros nada têm a ver com as despesas e vice-versa: se, por exemplo, um almoço é vendido por dez euros, o lucro dessa venda para a organização são dez euros.

E pronto...Não julguem que estou a caricaturar. É isso mesmo que eles dizem - e é através desta boçalidade que desferem o actual ataque à Festa.Quando a desfaçatez, a desvergonha e o descaro atingem tais níveis, é caso para dizermos que nada do que esta gente diga ou faça surpreende...E, já agora, é caso para lhes dizermos, também, que a NOSSA FESTA É NOSSA - e que assim continuará a ser no futuro.

Publicado no blog "cravo de Abril"

terça-feira, 26 de agosto de 2008





Os EUA na geopolítica mundial depois do conflito na Geórgia


A resposta russa à invasão da Ossétia do Sul pela Geórgia

não teve a cobertura dos EUA que Saakachvili

esperava e os falcões norte-americanos desejavam…




Convenhamos que é meio humilhante começar a atirar e 48 horas depois implorar de joelhos por um cessar-fogo.

Há algo de comovente em ver uma nação dar-se conta de que durante muito tempo acreditou num conto da carochinha. Segundo os relatos que chegam, o estado de espírito na República da Geórgia pode se resumir com uma pergunta atônita: onde estão os americanos que disseram que nos protegeriam, que eram nossos amigos? Os georgianos descobriram, na base da porrada, o que os latino-americanos minimamente informados já sabem há mais de um século: o que os EUA querem dizer quando alardeiam seu compromisso com a “liberdade e a democracia”.

As analogias históricas não funcionam muito bem para se compreender o conflito desta semana porque a Geórgia é – ou era, até a semana passada – um dos poucos lugares da galáxia onde o presidente americano goza de popularidade real. Como se sabe, a estrada que leva ao aeroporto de Tbilisi foi batizada com o tenebroso nome de George W. Bush. Ao longo dos últimos 16 anos em que predominou uma paz tensa na Ossétia do Sul e na Abkházia, e muito especialmente desde a eleição de Mikhail Saakashvili em 2004, a Geórgia tem sido a menina dos olhos do entrismo da OTAN.

Em abril deste ano, Bush defendeu abertamente a entrada da Geórgia no Tratado, sob os olhares estupefatos dos europeus, que sabiam muito bem a provocação que isso representaria para a Rússia. Logo em seguida, 1.000 marines foram enviados à base militar de Vaziani, na fronteira com a Ossétia do Sul, para treinamento do exército georgiano. Desde a visita de Bush ao país em 2005, os EUA apresentam a Geórgia como modelo de democracia, não se importando muito com as incontáveis denúncias de violações dos direitos humanos.

Tudo indica que Saakashvili imaginou que contaria com algo mais que declarações verbais americanas no momento em que iniciasse a aventura militar na Ossétia do Sul (região onde, diga-se de passagem, fala-se língua da família irânica, sem relação com o georgiano, que é língua do grupo sul-caucasiano). Para piorar sua situação, as tropas russas são detestadas na Geórgia, mas são populares na Ossétia. Resumindo: a Geórgia imaginou que tinha entrado no clube.

Não é de se estranhar que a imprensa não tenha dito muito sobre as centenas de milhões de dólares em armas, treinamento, equipamento eletrônico, aviação e morteiros fornecidos por Israel para a Geórgia nos últimos anos. Por volta de 100 agentes israelenses participaram da preparação da invasão georgiana à Ossétia do Sul.

O contato aqui foi via Davit Kezerashvili, ministro da defesa georgiano, ex-israelense. Outro ministro georgiano, Temur Yakobashvili, deu entrevista a uma rádio israelense no dia 11 de agosto, afirmando que um pequeno grupo de soldados georgianos foi capaz de dizimar uma divisão militar russa inteira, graças ao treinamento israelense.

Tampouco é de se estranhar que depois da surra levada pela Geórgia, Israel tenha subestimado o seu papel no processo.

Mas o que salta aos olhos neste conflito é a completa desmoralização da liderança americana. Há tempos não se via os EUA espernearem tanto com tanta impotência. O vice-presidente Dick Cheney falou em não deixar a agressão russa sem resposta e os russos solenemente ignoraram.

O candidato republicano John McCain, cujo principal conselheiro foi lobista do governo georgiano durante anos, batucou seus queridos tambores de guerra sem que os russos dessem o menor sinal de preocupação. O New York Times relatou que duas altas autoridades americanas chegaram ao ponto de afirmar que os EUA estão aprendendo a hora de ficarem calados.

Enquanto isso, McCain declarava que no século XXI, as nações não invadem outras nações, talvez imaginando que as invasões americanas no Afeganistão e no Iraque aconteceram no século XVIII.

Se o cálculo da direita americana foi se aproveitar do episódio para reforçar um belicismo que costuma lhe render dividendos eleitorais, há bons motivos para se imaginar que o tiro pode ter saído pela culatra.

Não há indicadores claros de que a atual viagem de à região, à reboque do presidente francês Sarkozy, possa reverter esse quadro significativamente. O que é certo é que o presidente Mikhail Saakashvili – que num discurso no sábado passado chegou a evocar McCain, um candidato a uma eleição num país estrangeiro – já pode falar sobre tiros pela culatra com a autoridade de um doutor honoris causa.
  • Idelber Avelar

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Precariedade na saúde, saúde precária

Sabemos que a precariedade já chegou a quase todo o lado. Trabalho qualificado já não é garantia de lhe escapar. E mesmo nas áreas mais sensíveis, como é o caso da prestação de serviços públicos essenciais, a precarização das relações laborais é um dos sintomas da irresponsabilildade dos sucessivos governos e uma esclarecedora medida do desinvestimento nestas áreas.
É fácil de perceber que ficamos tod@s a perder. A existência de serviços públicos de qualidade depende também das condições de trabalho destes/as profissionais.
A educação, para lá das tiradas habituais sobre "exigência" (agora ouve-se "excelência"...), tem sido notícia repetidamente por esta razão - professores/as deslocad@s, não colocad@s, actividades de enriquecimento curricular a recibo verde, etc.; mas também @s profissionais não-docentes.
Na área da saúde não faltam sinais preocupantes. Nos hospitais recorre-se crescentemente à subcontratação de médicos por empresas de trabalho temporário e a precariedade entre @s enfermeir@s está a tornar-se a regra, como vem afirmando o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses. Esta semana denunciou a falta de pagamento de horas extra: trabalho a mais, não pago, para compensar a escassez de profissionais.
(já agora, ontem ficámos também a saber que a Maternidade Alfredo da Costa está no limite da capacidade de resposta. Mais uma vez, a cínica política de desinvestimento continuado em áreas vitais convoca o sacrifício pessoal de profissionais, até ao limite. O sr. Presidente, que, num dos seus momentos de reflexão profunda e comunicação com o país, se questionava sobre "o que fazer para os portugueses fazerem mais filhos?", talvez possa começar a encontrar uma parte da resposta)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Comunicado à Imprensa do PCP



Sobre o veto do Presidente da República ao novo regime de divórcio


A decisão de veto ao novo regime de divórcio por parte do Presidente da República merece do PCP os seguintes comentários:




1. Votámos favoravelmente o projecto na Assembleia da República por considerar que, globalmente, este introduz aspectos positivos relativamente à legislação de 1977 (que então já representou avanços muitos positivos nesta matéria) de que destacamos designadamente:

acabar com a chamada tentativa de conciliação quando à decisão comum de divórcio; acabar com a “culpa” ou o divórcio-sanção, já que o casamento deve existir quando ambos queiram que ele exista.

2. Recordamos, entretanto, que ao longo deste processo o PCP chamou a atenção para aspectos a salvaguardar na nova lei, designadamente nos casos em que os cônjuges não estão de acordo sobre o divórcio, devendo haver uma solução final justa que não permita que quem requer o divórcio (contra a vontade do outro) possa ser beneficiado ou com isso deixar o outro em situação muito difícil.

3. Voltando este processo à Assembleia da República, o PCP estará disponível para intervir no sentido de salvaguardar o carácter progressista desta lei, (combatendo o regresso a concepções retrógradas sobre a família a este propósito) e contribuirá para os aperfeiçoamentos que o PCP considere necessários e ajustados.

4. Da nossa parte continuamos empenhados na luta contra as causas económicas e sociais que estão na origem de situações de vulnerabilidade económica e social que atingem, no nosso país, particularmente as mulheres e as famílias, por efeitos da política de direita.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

PARABÉNS NELSON ÉVORA

PELA MAGNIFICA PROVA
Muita força aos atletas com resultados menos bons e boa sorte para os que ainda estão em prova.

NÃO ESQUEÇAM A JUGOSLÁVIA





Os segredos do esmagamento da Jugoslávia que estão a emergir contam-nos muito sobre como o mundo moderna é policiado. A antiga promotora chefe do Tribunal Penal Internacional em Haia, Carla Del Ponte, este ano publicou as suas memórias: The Hunt: Me and War Criminal (A caça: eu e os criminosos de guerra).


Quase ignorado na Grã-Bretanha, o livro revela verdades intragáveis acerca da intervenção ocidental no Kosovo, a qual tem ecos no Cáucaso.


O tribunal foi montado e financiado principalmente pelos Estados Unidos. O papel de Del Ponte era investigar os crimes cometidos quando a Jugoslávia foi desmembrada na década de 1990.


Ela insistiu em que isto incluía os 78 dias de bombardeamentos da Sérvia e do Kosovo pela NATO em 1999, os quais mataram centenas de pessoas em hospitais, escolas, igrejas, parques e estúdios de televisão, e destruíram infraestruturas económicas. "Se eu não quiser [processar pessoal da NATO]", disse Del Ponte, "devo renunciar à minha missão".


Foi uma impostura. Sob a pressão de Washington e Londres, foi abandonada uma investigação dos crimes de guerra da NATO. Os leitores recordarão que a justificação para o bombardeamento da NATO era que os sérvios estavam a cometer "genocídio" na província secessionista do Kosovo contra pessoas de etnia albanesa. David Scheffer, embaixador itinerante estado-unidense para crimes de guerra, anunciou que até "225 mil homens de etnia albanesa entre os 14 e os 59 anos" poderiam ter sido assassinados.


Tony Blair invocou o Holocausto e "o espírito da Segunda Guerra Mundial". Os heróicos aliados do ocidente eram o Kosovo Liberation Army (KLA), cujo registo de assassínios foi posto de lado. O secretário britânico de Negócios Estrangeiros, Robin Cook, disse-lhes para contactá-lo a qualquer momento pelo seu telemóvel. Acabado o bombardeamento da NATO, equipes internacionais caíram sobre o Kosovo para exumar o "holocausto".


O FBI fracassou em descobrir um único cemitério em massa e voltou para casa. A equipe de perícia forense espanhola fez o mesmo, seu líder iradamente denunciou "uma pirueta semântica das máquinas de propaganda de guerra". Um ano mais tarde, o tribunal de Del Ponte anunciou a contagem final dos mortos no Kosovo: 2.788. Isto incluía combatentes de ambos os lados e sérvios e ciganos assassinados pelo KLA. Não houve genocídio no Kosovo.
O "holocausto" era uma mentira. O ataque da NATO fora fraudulento.


Isto não era tudo, diz Del Ponte no seu livro: o KLA sequestrou centenas de sérvios e transportou-os para a Albânia, onde os seus rins e outras partes do corpo foram removidos, sendo então vendidos para transplantes em outros países. Ela também diz que havia prova suficiente para processar kosovares albaneses por crimes de guerra, mas a investigação "foi travada desde o princípio" de modo que o foco do tribunal seriam "crimes cometidos pela Sérvica".

Ela diz que os juízes de Haia foram aterrorizados com os kosovares albaneses – as mesmas pessoas em cujo nome a NATO atacou a Sérvia. Na verdade, mesmo quando Blair, o líder da guerra, estava numa viagem triunfante no Kosovo "libertado", o KLA efectuava a limpeza étnica de mais de 200 mil sérvios e ciganos daquela província. Em Fevereiro último a "comunidade internacional", conduzida pelos EUA, reconheceu o Kosovo, o qual não tem economia formal e é dirigido, com efeito, pelas gangs criminosas que traficam drogas, contrabando e mulheres. Mas ele te um activo valioso: a base militar estado-unidense de Camp Bondsteel, descrita pelo comissário de direitos humanos do Conselho da Europa como "uma versão mais pequena de Guantanamo". A Del Ponte, uma diplomata suíça, foi dito pelo seu próprio governo para parar de promover o seu livro.


A Jugoslávia era uma federação independente e multi-étnica, ainda que imperfeita, que se posicionou como uma ponte política e económica durante a Guerra Fria. Isto já não era aceitável para a Comunidade Europeia em expansão, especialmente com a Alemanha, a qual principiara um esforço para o Leste a fim de dominar o seu "mercado natural" nas províncias jugoslávas da Croácia e da Eslovénia. No momento em que os europeus se encontravam em Maastrichet, em 1991, um acordo secreto fora lavrado; a Alemanha reconhecia a Croácia e a Jugoslávia era condenada.


Em Washington, os EUA asseguravam que à esforçada economia jugoslava fossem negados empréstimos do Banco Mundial e a defunta NATO foi reinventada como o agente de força. Numa conferência sobre a "paz" no Kosovo, em 1999 em França, foi dito aos sérvios para aceitarem a ocupação pelas forças da NATO e uma economia de mercado, ou seriam bombardeados até à submissão. Foi o precursor perfeito dos banhos de sangue no Afeganistão e no Iraque.


John Pilger

A resposta Russa à estratégia de dominação dos EUA no Cáucaso


A Miguel Urbano Rodrigues analisa a crise provocada pela invasão da Ossétia do Sul pelas forças armadas georgianas a partir de uma “gigantesca campanha de desinformação”.





Uma gigantesca campanha de desinformação foi desencadeada com o objectivo de impor à opinião pública mundial uma versão falsa dos acontecimentos do Cáucaso.

O agressor, a Geórgia, é transformado em vítima e a Rússia criminalizada e ameaçada por ter intervindo em defesa da Ossétia do Sul.

Os factos que estão na origem da crise não podem entretanto ser apagados pela deturpação da história.

No dia 7 de Agosto o exército da Geórgia invadiu a Ossétia do Sul e praticou ali, nomeadamente, no bombardeamento de Tskhinvali, a capital da pequena república autónoma, actos de barbárie que provocaram quase 2.000 mortos e o êxodo de dezenas de milhares de pessoas.

Soldados e oficiais Russos da força de estabilização internacional estacionada no território com o aval da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa foram abatidos durante a agressão.

O governo de Moscovo respondeu ao pedido de ajuda do governo da Ossétia do Sul, enviando forças militares para expulsar os invasores. Essas tropas, no desenvolvimento da operação, penetraram na Geórgia, aí permanecendo durante dias para acelerar as negociações tendentes a garantir uma paz duradoura na Região. Ambiguidades no texto do Acordo assinado permitiram atitudes desafiadoras do presidente Saakashvili da Geórgia que motivaram algum atraso na retirada do contingente russo.

A campanha anti-russa, de inversão da história, prosseguiu, agravada, entretanto, pela participação do presidente Bush, da secretaria de estado norte-americana Condoleeza Rice, da chanceler alemã Angela Merkel e de outros dirigentes da União Europeia.
As viagens a Tbilisi de Condoleeza e Merkel, o seu apoio ostensivo ao governo de Saakashvili e a renovação das promessas de integração da Geórgia na NATO justificam o temor de que os EUA, com o apoio da União Europeia utilizem a crise no Cáucaso, no âmbito da sua estratégia para o Médio Oriente, para uma confrontação com a Rússia. Não é por acaso que os grandes media estadunidenses voltaram a desfraldar as bandeiras da guerra-fria.

O presidente Bush deitou lenha na fogueira ao recorrer a uma linguagem agressiva e intimidatória ao relacionar a «exigência» da imediata retirada das tropas russas com a declaração de que Washington considera a Ossétia do Sul parcela inalienável do território geórgiano. Uma viragem de 180 graus no discurso de defesa da independência de o Kossovo.

É improvável que o ocupante da Casa Branca, cuja cultura histórica e geográfica é paupérrima, saiba que a língua mais falada pelos ossetas do Sul é o russo e que a pequena República decidiu proclamar-se independente em 1992 – opção confirmada pelo referendo de 2006 - declarando nula a sua integração na Geórgia. Foi por uma simples decisão administrativa, na época de Stalin, que o sul da Ossétia foi separado do Norte. As consequências da medida foram, então mínimas politicamente, tal como a integração da Abkhazia na Geórgia, porque esses povos caucásicos faziam parte do grande corpo da União Soviética.

Mas desaparecida esta, ossetas do Sul e abkhazes, após independência da Geórgia, manifestaram imediatamente a sua vontade de romper a relação de dependência que lhes foi imposta. A opção de ambos pela independência surgiu como prólogo à futura integração na Rússia, desejada pela esmagadora maioria das populações de ambas.

Tbilisi reagiu com medidas repressivas permanentes que culminaram agora com a brutal agressão que atingiu a Ossétia do Sul.

Significativamente, em plena crise no Cáucaso, a Polónia tornou pública a sua decisão de aceitar a instalação de mísseis dos EUA no seu território (o chamado escudo «anti-míssil), gesto que motivou imediato e firme protesto do presidente Medvedev, que identificou nele uma grave ameaça à segurança da Rússia.

Até os grandes jornais norte-americanos sublinharam estarmos perante uma estranha coincidência de datas.

É difícil avaliar por ora o nível de cumplicidade dos EUA na agressão da Georgia à Ossétia do Sul.

O Conselho Português para a Paz e Cooperação chamou a atenção num oportuno comunicado (v. odiario.info.16.08.2008) para os compromissos assumidos por Tbilisi nos acordos que precederam a construção do oleoduto que liga Baku, no Azerbaijão ao porto mediterrânico turco de Ceyhan. Essa obra – o BTV, como é conhecida - foi realizada por um grupo de transnacionais petrolíferas sob a direcção da British Petroleum - BP, que detém a fatia do leão.

É útil recordar que o projecto foi concebido ainda na Administração Clinton, com a aprovação do ex-presidente.

Os gigantes petrolíferos firmaram então acordos para eles vantajosos com as repúblicas petrolíferas da antiga Ásia Central Soviética, sobretudo com o Turquemenistão e o Kasaquistão, ambos com saída para o Cáspio. Como os oleodutos existentes passavam todos por territórios russos, Washington e Londres, decidiram construir o BTC, a partir de Baku.

Mas Clinton sentiu a necessidade de armar a Geórgia. Bush, reforçou a aliança com Tbilisi, identificando em Saaskatsvili - um presidente que no seu próprio pais fala em inglês em actos públicos - o mais fiel dos aliados na Região, e assinou acordos militares com o pais atravessado pelo BTC. É desconhecido o montante dos armamentos fornecidos. Mas especialistas na matéria admitem que o seu valor excede 500 milhões de dólares.

Foram essas armas que o exército de Saakashvili utilizou agora na agressão à minúscula Ossétia do Sul
Não há mentiras que possam inverter a realidade.

A Geórgia, armada pelos EUA, iniciou uma guerra criminosa contra um pequeno povo cioso da sua cultura, agindo como instrumento de grandes transnacionais petrolíferas.

A Rússia, já ameaçada pela instalação de mísseis dos EUA na área do Báltico, está consciente de que a ameaça se esboça também no Sul. E reagiu.

A estratégia imperialista, muito ambiciosa, transcende porem o controlo do petróleo. Envolve toda a Ásia Central, o Irão, o Iraque, a Palestina, Israel.

Em Washington volta, a despropósito a falar-se do «eixo do mal». Mas a argumentação é esfarrapada, ridícula.

A Rússia é hoje um país capitalista. Putin e Medvedev actuam em defesa dos seus interesses nacionais, incompatíveis com os dos EUA.

Nos choques em evolução no Cáucaso, o discurso agressivo e demagógico bushiano insere-se numa perigosa estratégia de desespero que configura ameaça à humanidade.

Envolvidos em duas guerras perdidas, os EUA, incapazes de encontrar soluções para a crise estrutural do capital, comportam-se como um Estado parasita cujo povo consome muito mais do que produz (o défice comercial deve atingir este ano os 900 mil milhões de dólares). A opção pelo saque do Terceiro Mundo e por guerras criminosas encaminha a nação para um desfecho trágico.


Miguel Urbano Rodrigues

Ferragudo diz NÃO a antenas na Torre Atalaia





População de Ferragudo manifesta-se contra colocação de antenas na Torre Atalaia


A instalação das antenas de telemóvel das três operadoras móveis nacionais, na Torre Atalaia, o ponto mais alto da vila de Ferragudo, levou a manifestar-se contra a situação, através de cartazes colocados nas ruas. Só que a Câmara de Lagoa retirou os cartazes, na manhã desta quarta-feira.


Graco Trindade, elemento da Comissão Dinamizadora do Movimento para Remoção das Antenas da Torre da Atalaia, revelou ao barlavento.online que «a Câmara acabou por nos devolver os cartazes, até porque estes foram feitos com o nosso dinheiro».
No entanto, apesar da autarquia de Lagoa ter retirado os cartazes que manifestam a revolta dos moradores, isso não significa que esteja a favor da colocação das antenas das operadoras móveis na Torre Atalaia, que pertence a um cidadão alemão há anos residente em Ferragudo.
As antenas foram colocadas com a autorização do proprietário do edifício, mas sem o aval da autarquia. Assim, a Câmara já terá movido um processo de contra-ordenação à Vodafone, TMN e Optimus, bem como ao proprietário da Torre da Atalaia.
A Comissão, composta por moradores de Ferragudo, bem como por pessoas sensíveis àquela situação, exige que seja tomada uma solução alternativa, em que «os valores ambientais, patrimoniais, culturais e de saúde pública sejam respeitados».
A Comissão pretende ainda que a Torre Atalaia de Ferragudo seja classificada como Imóvel de Interesse Municipal, devido à sua emblemática história.
«Existem várias soluções alternativas de localização [para as antenas das operadoras de telemóveis], pela existência de pontos e estruturas de cotas elevadas, em toda a área circundante de Ferragudo, propriedade de diversas entidades públicas e privadas que, formal ou informalmente, se manifestaram disponíveis e interessados em acolher as antenas», justifica a Comissão.
A Torre Atalaia era utilizada como posto de vigia, ficando, por isso, situada num dos pontos mais altos da vila, para que fosse possível avistar o mar e a chegada ou passagem de barcos na costa algarvia.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

1.200 Postos de trabalho podem tratar-se de um embuste




O Primeiro-Ministro foi a Santo Tirso anunciar que para atingir a meta de emprego prometida vão ser criados em 2009, mais 1200 empregos, com a instalação de um call center da operadora Portugal Telecom (PT). Mas este anúncio pode tratar-se de um embuste, dado que certamente o que vai acontecer é uma deslocalização de serviços desta empresa, substituindo trabalhadores por outros trabalhadores, ou seja, encerram serviços da PT em Lisboa, transferindo-os para Santo Tirso, com o objectivo de reduzir custos.


Primeiro-Ministro em Santo Tirso


O Primeiro-Ministro, na sua aparição depois das férias, veio, mais uma vez, anunciar que está próximo dos prometidos 150 mil postos de trabalho aquando às eleições.

O Primeiro-Ministro teve necessidade de se concentrar no tema do emprego, porque a taxa do desemprego continua elevada 7,3%, segundo os últimos dados divulgados pelo INE, e o desemprego de longa duração tem vindo a aumentar, atingindo mais de 49% dos desempregados.

E a precariedade do emprego acentuou-se, atingindo o seu maior valor, ou seja, 23,3% dos trabalhadores por conta de outrem têm trabalho precário, sendo sobretudo jovens.

O Primeiro-Ministro foi a Santo Tirso anunciar que para atingir a meta de emprego prometida vão ser criados em 2009, mais 1200 empregos, com a instalação de um call center da operadora Portugal Telecom (PT).

Mas este anúncio pode tratar-se de um embuste, dado que certamente o que vai acontecer é uma deslocalização de serviços desta empresa, substituindo trabalhadores por outros trabalhadores, ou seja, encerram serviços da PT em Lisboa, transferindo-os para Santo Tirso, com o objectivo de reduzir custos.

Tanto mais, que a Câmara Municipal de Santo Tirso, cujo presidente é do PS, ofereceu o terreno para construir as instalações do Call Center, e a Portugal Telecom, por sua vez, pode vir a vender as instalações em Lisboa onde estão instalados estes serviços, que para além de pagar o investimento, geram mais-valias.

No 1º trimestre de 2008, a venda de património já rendeu de mais-valias à empresa 11 milhões de euros.

Mas, o Primeiro-Ministro não explicou à custa de quê e que tipo de emprego vai criar, dado que, nos call centers existentes, 100% dos trabalhadores são precários, trabalham 4 a 6 horas diárias e recebem cerca de 500 euros, sendo grande parte licenciados e no mínimo têm de ter o 12º ano de escolaridade.

Em zonas deprimidas, como no Vale do Ave, o Governo vai permitir que a PT desenvolva uma política ainda de maior exploração do trabalho, dado haver um índice elevado de desemprego, nomeadamente de jovens, em resultado da destruição do parque industrial, e de ser das zonas do país onde os salários são dos mais baixos.

É de lamentar que o Primeiro-Ministro não tenha tido uma palavra para com os trabalhadores que estão com salários em atraso e em risco de desemprego, seguindo a mesma linha do Presidente da Câmara de Santo Tirso, que não recebe os trabalhadores da região e nunca manifestou preocupações em relação à situação social destes, numa região assolada com graves problemas de desemprego, nomeadamente no sector têxtil, e de pobreza.

A CGTP-IN considera que é imperioso criar emprego, mas é fundamental que este assente numa estratégia de desenvolvimento e que não seja para servir de propaganda e que tenha estabilidade e qualidade. Impõe-se mudar a página do trabalho precário e mal remunerado.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Governo Substima real situação da Economia

O Secretário- Geral do PCP, considera inaceitável a reacção do Governo aos números do desemprego, revelados pelo Instituto Nacional de Estatística. Jerónimo de Sousa acusou o Executivo de ter reagido “com auto-satisfação” e de “subestimar a gravidade da situação nacional”.

“O Governo quer continuar a enganar os trabalhadores portugueses, porque a sua primeira reacção foi uma auto-satisfação em relação a uma pequena descida do desemprego. Não há nenhuma razão para satisfação, antes pelo contrário”, disse o líder do PCP, que participou em Faro, num encontro da União de Sindicatos do Algarve.




O Instituto Nacional de Estatística tornou público, ontem, que a taxa de desemprego entre os meses de Abril e Junho deste ano caiu 0,6 por cento em relação a igual período em 2007. A taxa de desemprego é agora de 7,3 por cento. Jerónimo de Sousa lembrou os “milhares de trabalhadores que já desistiram de procurar trabalho e não são incluídos na estatística e muitos que recorrem à emigração”.




O secretário-geral do PCP apontou ainda a perda do poder de compra dos portugueses porque “os salários valem menos, o nosso aparelho produtivo está numa situação dramática e temos um país mais dependente e mais endividado”. Por isso, Jerónimo de Sousa sustenta que “o Governo está a subestimar a gravidade da situação social, que não é indissociável da situação económica que vivemos. O Governo, enfim, também reage aqui com uma auto-satisfação inaceitável”.




Líder do PCP aponta pico de sazonalidade laboral no Verão




O secretário-geral do PCP lembra que na altura do Verão é frequente registar-se uma pequena diminuição do desemprego devido ao trabalho sazonal. Classificou a região do Algarve de “campeã” da precariedade e com salários abaixo da média nacional, sob o manto da aparência de uma vida com qualidade. “O Algarve tem 80 mil pobres, 50 por cento dos trabalhadores têm vínculo precário, com salários abaixo da média nacional e há uma grande inquietação relativamente à liquidação de sectores produtivos”, referiu Jerónimo de Sousa.




A “monocultura do turismo” no Algarve induz a sazonalidade, defende Jerónimo de Sousa, que lembra que muitas pessoas “não vivem apenas dos rendimentos do seu trabalho, vivem de prémios e trabalho extraordinário, que aliás resultam da precariedade”. A aplicação do Código do Trabalho neste âmbito “teria consequências tremendas no plano dos direitos e salários”, acrescenta o secretário-geral do PCP, para quem esta diligência teria efeitos nefastos no rendimento das famílias.
  • JCP
  • pcp
  • USA
  • USA