domingo, 11 de abril de 2010

CHEIROS DE ABRIL
Que grandes artistas!

 

 
Há que reconhecer que os partidos da política de direita – PS, PSD e CDS-PP – adquiriram, na sua longa experiência de vida em comum, uma capacidade histriónica notável.
 
Só grandes «artistas» seriam capazes de representar a farsa que todos eles representam há 34 anos: os que estão no governo a executar a política de direita comum aos três, bramando contra a «oposição» dos que lá não estão fisicamente; os que estão na «oposição» bramando contra a política que fariam se lá estivessem, e preparando-se para cumprir o seu turno.
 
É certo que, no turno de Sócrates, as coisas complicaram-se para os dois de turno à «oposição»: a representação tornou-se-lhes muito mais difícil, na medida em que a política praticada pelo Governo PS/Sócrates não dá margem para apresentar propostas mais à direita – mesmo assim, veja-se a forma brilhante como disfarçaram o facto óbvio de que o OE/PEC (ou o PEC/OE, para o caso tanto faz) é a menina dos olhos dos três.
 
Quanto ao PS debate-se com o difícil problema de justificar como é que um partido que se diz de «esquerda» concilia essa qualidade com a postura de principal artífice de uma política de direita durante mais de três décadas (isto, não obstante a ajuda preciosa fornecida por figuras como Mário Soares e Manuel Alegre, os quais, alinhando sempre com essa política de direita, conseguem fazer-se passar, quando é necessário, por seus fervorosos opositores).
 
Nos últimos tempos, os três da política de direita têm vindo a digladiar-se numa operação de arremesso de «casos», que não parece, mas é, essencialmente de auto-defesa: ora toma lá com o freeport, que é para saberes como é; ora encaixa lá o bpn, que é para não te ficares a rir - ora apanha lá com a pt/média, e vai-te curar; ora afunda-te lá com os submarinos, e pianinho…
 
Enquanto isso e com tudo isso – e graças aos média dominantes, que direccionam o alarido de acordo com os interesses dos seus donos - vão procurando desviar as atenções do que é essencial. E tentando desesperadamente esconder que esses «casos» todos são decorrências normais da política de direita que todos defendem e com a qual fazem a vida negra à imensa maioria dos portugueses.

  • José Casanova
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