terça-feira, 17 de março de 2009





13 de Março, vitória dos trabalhadores


Os trabalhadores portugueses realizaram na sexta-feira 13 de Março de 2009 uma das suas mais grandiosas jornadas de luta, provavelmente a maior das últimas décadas.Respondendo à convocatória da CGTP-IN uma multidão de mais de 200 mil trabalhadores, vindos de todas as regiões do continente, trabalhadores das mais diversas profissões e ramos de actividade, operários, trabalhadores dos serviços, intelectuais e quadros técnicos, homens, mulheres e jovens, encheu o centro de Lisboa numa magnífica afirmação de combatividade, consciência determinação colectiva.


O significado desta manifestação é inequívoco. Ela representa uma resposta arrasadora às tentativas do Governo e do grande patronado de apontar a crise internacional como única responsável pelo brutal agravamento das condições de vida e de trabalho, de fazer cair sobre os trabalhadores todos os seus custos e consequências, de justificar com a crise uma nova escalada de arbitrariedades, de precarização e ataque a direitos, uma nova vaga de despedimentos. Meses de barragem propagandística e ideológica caíram por terra.

O penoso quotidiano actual dos trabalhadores portugueses não resulta da recente eclosão de uma profunda crise, ainda em desenvolvimento, que afecta todo o sistema capitalista. Resulta fundamentalmente de mais de três décadas de políticas de direita ao serviço dos interesses de uma insignificante minoria de poderosos exploradores. Políticas que sacrificam aos interesses de meia dúzia de grandes grupos económicos direitos históricos duramente conquistados pelos trabalhadores e pelas populações, perspectivas de desenvolvimento independente do país, o horizonte de progresso que Abril abriu e o Constituição da República ainda consagra.

O dia 13 de Março mostrou com toda a força que o mundo do trabalho em Portugal está longe de aceitar conformar-se com tais políticas, que as rejeita, que aspira a romper com este rumo e que lutará por essa ruptura.

A jornada de 13 de Março constitui uma grande vitória popular.E uma grande derrota para o Governo Sócrates e para os interesses que obstinada e cegamente continua a defender.

O Estatuto Alcavalatório


A frase, na boca de Edite Estrela, fez-me soar campainhas de alarme, por estranha e desfasada da prática política da Sra. e do Partido que representa: «A Trabalho Igual, Salário Igual!». Sempre unidos nestas questões, de imediato vejo Carlos Coelho do PSD falar da luta contra a desigualdade e as discriminações salariais no plano europeu. O mundo só voltou a fazer sentido quando percebi do que estavam a falar! Do aumento do SEU ordenado em mais de 100%! Assim, os eurodeputados portugueses passam a receber 7665 Euros por mês (em vez dos 3815 mensais actuais) mais uma ajuda de custo de 287 Euros POR DIA, mais todo um conjunto de alcavalas. E para engordar OS SEUS BOLSOS já encontram utilidade a princípios que negam aos trabalhadores portugueses e europeus TODOS OS DIAS!

Estes senhores acham-se no direito de receber POR DIA mais que o Salário Mínimo Nacional! Acham que a quantia com que condenam famílias inteiras a sobreviver todo um mês não é suficiente para se remunerarem por um dia de presença no Parlamento! São bem o espelho da classe parasitária que servilmente representam: a burguesia. A mesma burguesia que vive faustosamente enquanto vai debitando a cassete dos sacrifícios... mas só para quem trabalha!

O PCP, ao votar contra esta vergonha no Parlamento Europeu, honrou as suas origens, que remontam aos Communards de Paris e aos Bolcheviques da Rússia Soviética, quando impuseram como característica do seu Estado proletário que os eleitos fossem remunerados com o salário médio de um operário.

A bem do rigor, importa deixar dito que o PCP votou contra este Estatuto TAMBÉM porque é da opinião que os eurodeputados devem receber o mesmo ordenado que os deputados dos Parlamentos Nacionais, princípio que o novo Estatuto Remuneratório dos Eurodeputados substitui por um salário de 7665 Euros igual para todos.
  • Manuel Gouveia




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