sexta-feira, 15 de abril de 2011




Tempos esquisitos, mas esclarecedores


Vivemos tempos esquisitos.


No congresso do PS, Sócrates falou de arbustos e anunciou (sem rir e gerando um momento de suspense) que o governo iria liderar as negociações com o FMI. Mas quem poderia fazê-lo a não ser o governo? Ninguém!

Assistimos igualmente à entrada de Manuel Alegre para a direcção do PS/Sócrates. O mesmo que há uns poucos meses atrás era apresentado por alguns como a esquerda. Mas em que parte do mundo a política de Sócrates pode ser considerada de esquerda?

Quase de imediato, o apartidário, o independente Fernando Nobre, não só é anunciado como cabeça de lista do PSD por Lisboa (esteve contra Cavaco e antes foi mandatário do Bloco de Esquerda) como, pasme-se, candidato a presidente da Assembleia da República. Já tinham inventado o candidato a 1º ministro e agora inventam mais uma. E não satisfeito diz que se não for presidente se demite. Um verdadeiro miminho.

Entretanto, ouve-se comentadores e analistas dizerem que “temos de esperar pelos programas eleitorais”. Mas quais programas eleitorais? Do PS, do PSD e do CDS-PP?

Sejamos claros e frontais porque de trapaceirice já chega. O PSD diz e repete que a culpa é do PS, o PS é que é governo, diz. Mas se o PSD tivesse votado contra (e o CDS que votou a favor de uns e absteve-se noutros) os orçamentos e os PEC, o PS não teria podido aplicar a política que aplicou.

Logo, mais cedo se teria clarificado a situação e ela não teria atingido o estado a que chegou com as respectivas consequências.

Depois, o PSD prepara-se para pôr a sua assinatura no acordo com o FMI. Pergunta-se: mas qual programa eleitoral? O do FMI?

O CDS anda numa autêntica gincana política, mas essa ideia de que há negociações com o FMI no condicional é uma mistificação e o CDS não consegue superar esse problema.

E para quem ainda tinha dúvidas, lá veio Durão Barroso dar o ralhete e dizer que o programa de apoio “não dá lugar a apoios intercalares” e acrescentou que “aliás, Portugal apoiou os termos desse programa”.

Ou seja, ou o PSD e o CDS têm juizinho e assinam com o PS a coisa, ou então amanhem-se. Estes são os factos! Mas leitores reparem no seguinte: o PSD, com pompa, anunciou que entregou uma carta com 30 perguntas ao governo e ao FMI porque precisa, diz o PSD, saber a verdade da situação. Isto dito assim, até parece coisa séria.

Sabem os algarvios que uma das perguntas é o quererem saber o custo do atraso da introdução das portagens?

Pois é! São estes que no Algarve bramam palavras em sua defesa, mas realmente o atacam. E preparem-se porque pode estar a ser cozinhado aparecer a introdução das portagens como uma medida do FMI e depois assistiremos ao PS, PSD e CDS-PP a descartarem-se das suas responsabilidades.
  • Rui Fernandes


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