sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Hora de luta!

Na semana passada o Conselho de Estado reuniu de urgência, o ministro das Finanças deu uma conferência de imprensa em que até a posição da bandeira nacional foi pretexto para especular se se demitiria ou não, a presidente do PSD foi chamada – de urgência, também – a S. Bento, todos foram instados a comentar tudo – do suspense aos factos.

Esperar-se-ia tamanho desassossego com os números do desemprego que não páram de subir, com o anúncio do congelamento dos salários, com a velha moda das praças de jorna – agora rebaptizada de «contratos de trabalho intermitentes», ou com o Orçamento de Estado, garantidamente viabilizado pelo PSD e CDS. Mas não: tratava-se da famosa alteração à Lei das Finanças Regionais.

Resumindo bem, descontando crispações mais ou menos encenadas, o Governo do PS lá terá conseguido o seu objectivo: disfarçar que se entendeu perfeitamente à direita para viabilizar um Orçamento de direita, fazer parecer que se preocupa com o «despesismo», criar o caldo de cultura para se vitimizar e servir com afinco os grandes grupos económicos.

Enquanto isto, contra todas as vozes e ameaças que pregam o conformismo e o medo, dezenas de milhares de trabalhadores decidiram participar em acções de luta no breve espaço de uma semana. Foram milhares de enfermeiros e de outros trabalhadores da administração pública. Foram centenas de trabalhadores do sector privado, da Confetil, da Limpersado, da Ipodec, da Platex, entre tantas outras empresas. Foram desempregados, reformados, jovens e mulheres.

Cada um destes tem motivos muito fortes para participar nos plenários do seu sindicato, para se inscrever no autocarro e rumar a Lisboa, para se juntar com os colegas à porta da fábrica, para fazer greve. Cada um destes assumiu para si e perante os outros – os colegas, a família, o chefe, o patrão, a sociedade – que assim não pode ser. Que chega. Que já basta. Que é hora de mudar e que é tempo de lutar.

É dessa força, dessa determinação, dessa unidade, que o país precisa. É na luta que reside a esperança de um País mais justo, com emprego, melhores salários, com direitos. A luta continua!
  • Margarida Botelho
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