quinta-feira, 21 de agosto de 2008

PARABÉNS NELSON ÉVORA

PELA MAGNIFICA PROVA
Muita força aos atletas com resultados menos bons e boa sorte para os que ainda estão em prova.

NÃO ESQUEÇAM A JUGOSLÁVIA





Os segredos do esmagamento da Jugoslávia que estão a emergir contam-nos muito sobre como o mundo moderna é policiado. A antiga promotora chefe do Tribunal Penal Internacional em Haia, Carla Del Ponte, este ano publicou as suas memórias: The Hunt: Me and War Criminal (A caça: eu e os criminosos de guerra).


Quase ignorado na Grã-Bretanha, o livro revela verdades intragáveis acerca da intervenção ocidental no Kosovo, a qual tem ecos no Cáucaso.


O tribunal foi montado e financiado principalmente pelos Estados Unidos. O papel de Del Ponte era investigar os crimes cometidos quando a Jugoslávia foi desmembrada na década de 1990.


Ela insistiu em que isto incluía os 78 dias de bombardeamentos da Sérvia e do Kosovo pela NATO em 1999, os quais mataram centenas de pessoas em hospitais, escolas, igrejas, parques e estúdios de televisão, e destruíram infraestruturas económicas. "Se eu não quiser [processar pessoal da NATO]", disse Del Ponte, "devo renunciar à minha missão".


Foi uma impostura. Sob a pressão de Washington e Londres, foi abandonada uma investigação dos crimes de guerra da NATO. Os leitores recordarão que a justificação para o bombardeamento da NATO era que os sérvios estavam a cometer "genocídio" na província secessionista do Kosovo contra pessoas de etnia albanesa. David Scheffer, embaixador itinerante estado-unidense para crimes de guerra, anunciou que até "225 mil homens de etnia albanesa entre os 14 e os 59 anos" poderiam ter sido assassinados.


Tony Blair invocou o Holocausto e "o espírito da Segunda Guerra Mundial". Os heróicos aliados do ocidente eram o Kosovo Liberation Army (KLA), cujo registo de assassínios foi posto de lado. O secretário britânico de Negócios Estrangeiros, Robin Cook, disse-lhes para contactá-lo a qualquer momento pelo seu telemóvel. Acabado o bombardeamento da NATO, equipes internacionais caíram sobre o Kosovo para exumar o "holocausto".


O FBI fracassou em descobrir um único cemitério em massa e voltou para casa. A equipe de perícia forense espanhola fez o mesmo, seu líder iradamente denunciou "uma pirueta semântica das máquinas de propaganda de guerra". Um ano mais tarde, o tribunal de Del Ponte anunciou a contagem final dos mortos no Kosovo: 2.788. Isto incluía combatentes de ambos os lados e sérvios e ciganos assassinados pelo KLA. Não houve genocídio no Kosovo.
O "holocausto" era uma mentira. O ataque da NATO fora fraudulento.


Isto não era tudo, diz Del Ponte no seu livro: o KLA sequestrou centenas de sérvios e transportou-os para a Albânia, onde os seus rins e outras partes do corpo foram removidos, sendo então vendidos para transplantes em outros países. Ela também diz que havia prova suficiente para processar kosovares albaneses por crimes de guerra, mas a investigação "foi travada desde o princípio" de modo que o foco do tribunal seriam "crimes cometidos pela Sérvica".

Ela diz que os juízes de Haia foram aterrorizados com os kosovares albaneses – as mesmas pessoas em cujo nome a NATO atacou a Sérvia. Na verdade, mesmo quando Blair, o líder da guerra, estava numa viagem triunfante no Kosovo "libertado", o KLA efectuava a limpeza étnica de mais de 200 mil sérvios e ciganos daquela província. Em Fevereiro último a "comunidade internacional", conduzida pelos EUA, reconheceu o Kosovo, o qual não tem economia formal e é dirigido, com efeito, pelas gangs criminosas que traficam drogas, contrabando e mulheres. Mas ele te um activo valioso: a base militar estado-unidense de Camp Bondsteel, descrita pelo comissário de direitos humanos do Conselho da Europa como "uma versão mais pequena de Guantanamo". A Del Ponte, uma diplomata suíça, foi dito pelo seu próprio governo para parar de promover o seu livro.


A Jugoslávia era uma federação independente e multi-étnica, ainda que imperfeita, que se posicionou como uma ponte política e económica durante a Guerra Fria. Isto já não era aceitável para a Comunidade Europeia em expansão, especialmente com a Alemanha, a qual principiara um esforço para o Leste a fim de dominar o seu "mercado natural" nas províncias jugoslávas da Croácia e da Eslovénia. No momento em que os europeus se encontravam em Maastrichet, em 1991, um acordo secreto fora lavrado; a Alemanha reconhecia a Croácia e a Jugoslávia era condenada.


Em Washington, os EUA asseguravam que à esforçada economia jugoslava fossem negados empréstimos do Banco Mundial e a defunta NATO foi reinventada como o agente de força. Numa conferência sobre a "paz" no Kosovo, em 1999 em França, foi dito aos sérvios para aceitarem a ocupação pelas forças da NATO e uma economia de mercado, ou seriam bombardeados até à submissão. Foi o precursor perfeito dos banhos de sangue no Afeganistão e no Iraque.


John Pilger

A resposta Russa à estratégia de dominação dos EUA no Cáucaso


A Miguel Urbano Rodrigues analisa a crise provocada pela invasão da Ossétia do Sul pelas forças armadas georgianas a partir de uma “gigantesca campanha de desinformação”.





Uma gigantesca campanha de desinformação foi desencadeada com o objectivo de impor à opinião pública mundial uma versão falsa dos acontecimentos do Cáucaso.

O agressor, a Geórgia, é transformado em vítima e a Rússia criminalizada e ameaçada por ter intervindo em defesa da Ossétia do Sul.

Os factos que estão na origem da crise não podem entretanto ser apagados pela deturpação da história.

No dia 7 de Agosto o exército da Geórgia invadiu a Ossétia do Sul e praticou ali, nomeadamente, no bombardeamento de Tskhinvali, a capital da pequena república autónoma, actos de barbárie que provocaram quase 2.000 mortos e o êxodo de dezenas de milhares de pessoas.

Soldados e oficiais Russos da força de estabilização internacional estacionada no território com o aval da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa foram abatidos durante a agressão.

O governo de Moscovo respondeu ao pedido de ajuda do governo da Ossétia do Sul, enviando forças militares para expulsar os invasores. Essas tropas, no desenvolvimento da operação, penetraram na Geórgia, aí permanecendo durante dias para acelerar as negociações tendentes a garantir uma paz duradoura na Região. Ambiguidades no texto do Acordo assinado permitiram atitudes desafiadoras do presidente Saakashvili da Geórgia que motivaram algum atraso na retirada do contingente russo.

A campanha anti-russa, de inversão da história, prosseguiu, agravada, entretanto, pela participação do presidente Bush, da secretaria de estado norte-americana Condoleeza Rice, da chanceler alemã Angela Merkel e de outros dirigentes da União Europeia.
As viagens a Tbilisi de Condoleeza e Merkel, o seu apoio ostensivo ao governo de Saakashvili e a renovação das promessas de integração da Geórgia na NATO justificam o temor de que os EUA, com o apoio da União Europeia utilizem a crise no Cáucaso, no âmbito da sua estratégia para o Médio Oriente, para uma confrontação com a Rússia. Não é por acaso que os grandes media estadunidenses voltaram a desfraldar as bandeiras da guerra-fria.

O presidente Bush deitou lenha na fogueira ao recorrer a uma linguagem agressiva e intimidatória ao relacionar a «exigência» da imediata retirada das tropas russas com a declaração de que Washington considera a Ossétia do Sul parcela inalienável do território geórgiano. Uma viragem de 180 graus no discurso de defesa da independência de o Kossovo.

É improvável que o ocupante da Casa Branca, cuja cultura histórica e geográfica é paupérrima, saiba que a língua mais falada pelos ossetas do Sul é o russo e que a pequena República decidiu proclamar-se independente em 1992 – opção confirmada pelo referendo de 2006 - declarando nula a sua integração na Geórgia. Foi por uma simples decisão administrativa, na época de Stalin, que o sul da Ossétia foi separado do Norte. As consequências da medida foram, então mínimas politicamente, tal como a integração da Abkhazia na Geórgia, porque esses povos caucásicos faziam parte do grande corpo da União Soviética.

Mas desaparecida esta, ossetas do Sul e abkhazes, após independência da Geórgia, manifestaram imediatamente a sua vontade de romper a relação de dependência que lhes foi imposta. A opção de ambos pela independência surgiu como prólogo à futura integração na Rússia, desejada pela esmagadora maioria das populações de ambas.

Tbilisi reagiu com medidas repressivas permanentes que culminaram agora com a brutal agressão que atingiu a Ossétia do Sul.

Significativamente, em plena crise no Cáucaso, a Polónia tornou pública a sua decisão de aceitar a instalação de mísseis dos EUA no seu território (o chamado escudo «anti-míssil), gesto que motivou imediato e firme protesto do presidente Medvedev, que identificou nele uma grave ameaça à segurança da Rússia.

Até os grandes jornais norte-americanos sublinharam estarmos perante uma estranha coincidência de datas.

É difícil avaliar por ora o nível de cumplicidade dos EUA na agressão da Georgia à Ossétia do Sul.

O Conselho Português para a Paz e Cooperação chamou a atenção num oportuno comunicado (v. odiario.info.16.08.2008) para os compromissos assumidos por Tbilisi nos acordos que precederam a construção do oleoduto que liga Baku, no Azerbaijão ao porto mediterrânico turco de Ceyhan. Essa obra – o BTV, como é conhecida - foi realizada por um grupo de transnacionais petrolíferas sob a direcção da British Petroleum - BP, que detém a fatia do leão.

É útil recordar que o projecto foi concebido ainda na Administração Clinton, com a aprovação do ex-presidente.

Os gigantes petrolíferos firmaram então acordos para eles vantajosos com as repúblicas petrolíferas da antiga Ásia Central Soviética, sobretudo com o Turquemenistão e o Kasaquistão, ambos com saída para o Cáspio. Como os oleodutos existentes passavam todos por territórios russos, Washington e Londres, decidiram construir o BTC, a partir de Baku.

Mas Clinton sentiu a necessidade de armar a Geórgia. Bush, reforçou a aliança com Tbilisi, identificando em Saaskatsvili - um presidente que no seu próprio pais fala em inglês em actos públicos - o mais fiel dos aliados na Região, e assinou acordos militares com o pais atravessado pelo BTC. É desconhecido o montante dos armamentos fornecidos. Mas especialistas na matéria admitem que o seu valor excede 500 milhões de dólares.

Foram essas armas que o exército de Saakashvili utilizou agora na agressão à minúscula Ossétia do Sul
Não há mentiras que possam inverter a realidade.

A Geórgia, armada pelos EUA, iniciou uma guerra criminosa contra um pequeno povo cioso da sua cultura, agindo como instrumento de grandes transnacionais petrolíferas.

A Rússia, já ameaçada pela instalação de mísseis dos EUA na área do Báltico, está consciente de que a ameaça se esboça também no Sul. E reagiu.

A estratégia imperialista, muito ambiciosa, transcende porem o controlo do petróleo. Envolve toda a Ásia Central, o Irão, o Iraque, a Palestina, Israel.

Em Washington volta, a despropósito a falar-se do «eixo do mal». Mas a argumentação é esfarrapada, ridícula.

A Rússia é hoje um país capitalista. Putin e Medvedev actuam em defesa dos seus interesses nacionais, incompatíveis com os dos EUA.

Nos choques em evolução no Cáucaso, o discurso agressivo e demagógico bushiano insere-se numa perigosa estratégia de desespero que configura ameaça à humanidade.

Envolvidos em duas guerras perdidas, os EUA, incapazes de encontrar soluções para a crise estrutural do capital, comportam-se como um Estado parasita cujo povo consome muito mais do que produz (o défice comercial deve atingir este ano os 900 mil milhões de dólares). A opção pelo saque do Terceiro Mundo e por guerras criminosas encaminha a nação para um desfecho trágico.


Miguel Urbano Rodrigues

Ferragudo diz NÃO a antenas na Torre Atalaia





População de Ferragudo manifesta-se contra colocação de antenas na Torre Atalaia


A instalação das antenas de telemóvel das três operadoras móveis nacionais, na Torre Atalaia, o ponto mais alto da vila de Ferragudo, levou a manifestar-se contra a situação, através de cartazes colocados nas ruas. Só que a Câmara de Lagoa retirou os cartazes, na manhã desta quarta-feira.


Graco Trindade, elemento da Comissão Dinamizadora do Movimento para Remoção das Antenas da Torre da Atalaia, revelou ao barlavento.online que «a Câmara acabou por nos devolver os cartazes, até porque estes foram feitos com o nosso dinheiro».
No entanto, apesar da autarquia de Lagoa ter retirado os cartazes que manifestam a revolta dos moradores, isso não significa que esteja a favor da colocação das antenas das operadoras móveis na Torre Atalaia, que pertence a um cidadão alemão há anos residente em Ferragudo.
As antenas foram colocadas com a autorização do proprietário do edifício, mas sem o aval da autarquia. Assim, a Câmara já terá movido um processo de contra-ordenação à Vodafone, TMN e Optimus, bem como ao proprietário da Torre da Atalaia.
A Comissão, composta por moradores de Ferragudo, bem como por pessoas sensíveis àquela situação, exige que seja tomada uma solução alternativa, em que «os valores ambientais, patrimoniais, culturais e de saúde pública sejam respeitados».
A Comissão pretende ainda que a Torre Atalaia de Ferragudo seja classificada como Imóvel de Interesse Municipal, devido à sua emblemática história.
«Existem várias soluções alternativas de localização [para as antenas das operadoras de telemóveis], pela existência de pontos e estruturas de cotas elevadas, em toda a área circundante de Ferragudo, propriedade de diversas entidades públicas e privadas que, formal ou informalmente, se manifestaram disponíveis e interessados em acolher as antenas», justifica a Comissão.
A Torre Atalaia era utilizada como posto de vigia, ficando, por isso, situada num dos pontos mais altos da vila, para que fosse possível avistar o mar e a chegada ou passagem de barcos na costa algarvia.
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