sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Cartas ao vazio ou eu acuso


Ao longo dos 60 anos da história da mártir Palestina ficámos a saber “quem é o genocida. Agora só nos falta identificar os seus cúmplices. Estes são muito mais numerosos e dão-lhe muita cobertura, inclusive sob a teia de modestas e limitadas críticas. (…) Sem os cúmplices, seiva de parasitas e afins, o genocida não teria razão de ser.



Pedro Prieto

Sempre que a imprensa e os media ao serviço do poder me permitem ver sair o fumo dos crematórios e dos maiores campos de concentração que alguma vez existiram, a fúria obriga-me a escrever cartas a essa imprensa cúmplice deste genocídio, cartas que ficam sistematicamente por publicar, num limbo mediático nada inocente. Falo do campo de concentração de Gaza (4 por 40 Km), muito maior que o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau (2 por 3 km), e falo dos campos de concentração da Cisjordânia, muito superiores em presos e em extensão que os que os nazis instalaram na Polónia ocupada.



Governo à direita - lérias à «esquerda»


J. Sócrates apresentou a sua «moção global» ao XVI Congresso do PS que decorrerá no final de Fevereiro. Como era inevitável e foi orquestrado pela omnipresente mas dissimulada central de informações e comunicação do Governo, a moção foi valorizada nos media dominantes, pelos escribas ao serviço do poder económico, ou que cobrem os flancos do PS/Sócrates, como uma «viragem à esquerda».

Assim o impõe a agenda do PS e dos seus especialistas de manipulação para procurar minorar o desgaste político (e eleitoral) na sua base de apoio, para prosseguir na utilização desenfreada da crise económica e social, em que - ao contrário do que diz o Primeiro Ministro - lhe assistem elevadíssimas responsabilidades, para se vitimizar, para fabricar a interiorização massiva do medo da crise, como instrumento para a resignação dos trabalhadores, para permitir a fuga às responsabilidades e o aprofundamento das suas políticas estruturantes de concentração de capitais e riqueza, para - se possível for - modificar em seu proveito o calendário eleitoral e mistificar as eleições.

Desde há muitos anos que o PS se faz de esquerda nas moções dos futuros líderes - Sócrates no XIV e XV Congressos era por «modernizar Portugal» e pela «esquerda moderna», agora no XVI é pelo «PS, força da mudança» - e assim tem sido nas «novas fronteiras» e nas eleições. São momentos instrumentais, para o ilusionismo eleitoralista, para enganar incautos e descansar consciências, uma espécie de intróito, que todos sabem destinado a novos avanços na política de direita, até se chegar a este Governo e à política mais à direita depois de Abril.

Uma «viragem à esquerda» não se faz de mais promessas falsas, como a de «reduzir desigualdades sociais» do Governo que é responsável pelo seu agravamento brutal e pela salvação dos banqueiros, como a de combater o neoliberalismo o Governo campeão da dogmática do défice, das privatizações e da reconfiguração do Estado.

Uma política de esquerda não se faz de 3 medidas avulsas aceitáveis, mas esvaziadas de substância e fora de contexto, ou de paleio contra os offshores, cuja concretização fica a depender das grandes potências.

Em Portugal-2009, uma «viragem à esquerda» é possível. Faz-se da luta de massas, do reforço do PCP, da ruptura democrática e da construção da alternativa – contra esta política e o Governo PS/Sócrates.
  • Carlos Gonçalves


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