sábado, 29 de agosto de 2009

QUE RICA CALDEIRADA - ESTA É DO ISALTINO ...!!!




quinta-feira, 27 de agosto de 2009


Os portugueses e os off-shores


«O dinheiro que os portugueses enviaram no primeiro semestre para os off-shores chegava e sobrava para pagar o novo aeroporto de Lisboa e a terceira travessia sobre o Tejo.» Assim, literalmente assim, «informava» a TSF este domingo.

Mas para o caso de algum ouvinte ter ficado com dúvidas sobre quem seriam esses portugueses malandros que estavam a meter tanto dinheiro nos off-shores, a TSF convidou um «Professor Universitário» para nos ensinar que esses SEIS MIL MILHÕES DE EUROS tinham origem «nos portugueses que mantêm emprego, que tiveram um importante aumento do rendimento disponível».

À noite, todos os telejornais repetiriam este facto científico: os trabalhadores portugueses que têm emprego, esses privilegiados, têm tanto dinheiro que depositaram nos off-shores seis mil milhões.

A conclusão, é DESTA VEZ apenas induzida: é preciso cortar nos privilégios dos trabalhadores com emprego.Seria caso para desatar às gargalhadas, não fora a consciência que esta absoluta falta de vergonha, esta atroz manipulação da realidade, produz resultados demasiado perigosos nas consciências previamente adormecidas e embrutecidas pelas classes dominantes.

Temos que ser nós, nos espaços de liberdade que construímos e defendemos, neste Avante!, na nossa propaganda, nas ruas e nas empresas, na nossa Festa, a encontrar a forma de desmontar as falsificações da burguesia.

Temos que ser nós a sublinhar que o rendimento TOTAL dos 2 milhões de portugueses que sobrevivem com o SMN é INFERIOR ao dinheiro depositado nos Off-Shores.Temos de ser nós a sublinhar que o rendimento TOTAL de 2 milhões de reformados portugueses é INFERIOR ao dinheiro depositado nos off-shores.

Temos que ser nós a sublinhar que os 5 milhões de portugueses que trabalham não têm 1200 Euros por semestre para depositar em off-shores.

Temos de ser nós a demonstrar e difundir que estes SEIS MIL MILHÕES vieram de onde podiam vir, dos únicos que nestes tempos de «crise» continuam a encher a barriga e acumulam milhares de milhões em lucros.E a sublinhar que, de facto, o dinheiro que está nos off-shores é «dos portugueses», mas foi roubado por uns poucos portugueses à maioria dos portugueses. E que é tempo de o devolverem! Ao povo português.

  • Manuel Gouveia

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Dez dias em Moscovo Um Reencontro Doloroso




Miguel Urbano Rodrigues voltou a Moscovo 15 anos após a sua última visita.Encontrou ali uma sociedade capitalista com diferenças de classe abissais.Neste artigo transmite as suas impressões sobre o que viu e ouviu durante dez dias na grande cidade que foi capital da União Soviética, um país que já não existe.


Miguel Urbano Rodrigues


O que sentirei no reencontro?


A pergunta, enquanto o avião corria pela pista do aeroporto Domodedevo, em Moscovo, incomodou-me por repetida. Desembocava no vazio.


Voltava a Moscovo 15 anos após a última visita realizada como membro de uma delegação da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa. Nessa época a Rússia, em transição para o capitalismo, vivia dias caóticos.


Agora, transcorridas 24 horas, ainda tenho dificuldade em arrumar ideias e interpretar emoções, em inserir numa reflexão coerente o que vejo e sinto.


sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O descaramento

As especulações acerca de uma eventual «aliança» entre o PS e o PCP na sequência do esperado mau resultado do partido de Sócrates nas eleições legislativas – que se destina porventura a colorir de esquerda a bandeira rosa da política de direita em vias de tropeção – roça o descaramento.

Já nem falamos do antigo arguido no processo da Casa Pia, Paulo Pedroso que, recebido na Assembleia com palmas dos seus correligionários, após ter ganho a sorte grande no segundo recurso para a Relação, vem agora, qual galinho da Índia, dar conselhos ao seu partido. «Se», diz ele, o eleitorado «votar à esquerda», então o PS, o PCP e o BE não poderão «ignorar» tal postura. E se não «votar à esquerda»? Pedroso que, em Almada elege o PCP e a CDU como inimigo principal, não tem estatura suficiente para estas propostas.

Mas o pior são as palavras de Ferro Rodrigues – também procedente do mesmo saco da antigos suspeitos no caso da Casa Pia. «Se o PS vencer as eleições sem maioria absoluta, deve desafiar o PCP e o BE. E no caso dessas negociações não conduzirem a nenhum resultado, deverá voltar-se para o PSD.»

Estas declarações são o maior atestado de oportunismo político que Ferro Rodrigues poderia passar a si próprio. É que ele não fala de políticas de esquerda, apenas se refere à pedinchice de apoios para que o PS – com o seu trem de tacharia – pudesse conservar-se no poder. Se a coisa não der – e Ferro Rodrigues deveria saber que não dá, por nossa parte – então o PS, partido ambidestro, virar-se-ia para o PSD, seu aliado natural em toda a história dos últimos trinta e três anos de política de direita.

É claro que não pomos as mãos no fogo no que toca às tentações do Bloco de Esquerda, tão guloso de um lugarzito e tão condescendente em variados aspectos da política de direita. Nem nos permitiríamos colocar-nos no lugar dos bloquistas, partido sem ideologia e sem projecto, que tem vindo a crescer ao colo da comunicação social comandada pela direita económica e política.

O descaramento de Ferro Rodrigues, porém, faz um favor a Sócrates. Primeiro, diz ele, vira-te para a esquerda. Depois dá a mão à direita e culpa os comunistas por essa preferência.
Por nossa parte, não jogamos esse jogo. Temos uma só palavra. E essa já a disse Jerónimo de Sousa ao apresentar o Programa do Partido: «Não contem com o PCP para subscrever uma política desta natureza.»


  • Leandro Martins

quinta-feira, 13 de agosto de 2009


Cães da guarda



O escandaloso silêncio imposto pelos meios de comunicação dominantes ao que está a acontecer nas Honduras só tem paralelo na vergonhosa campanha de desinformação a que alguns serventuários do imperialismo se prestam, aquém e além fronteiras, para tentar justificar o injustificável: o derrube de um presidente democraticamente eleito e a sua substituição por um punhado de oportunistas ao serviço dos interesses do capital.

Desde 28 de Junho – data em que os militares tiraram o presidente Zelaya da cama e o levaram de pijama para fora do país, acto tão humilhante quanto revelador do receio da força da sua presença – que o povo hondurenho está na rua a exigir a reposição da ordem constitucional.

As manifestações sucedem-se todos os dias apesar da repressão militar e policial; os órgãos de comunicação social que não afinam pelo diapasão do «novo» poder foram silenciados; há mortos e feridos não contabilizados; milhares de pessoas percorrem a pé as estradas do país numa Marcha Nacional de Resistência Popular; partidos de todos os quadrantes manifestam o seu repúdio pelo golpe militar; organizações profissionais e sindicais decretaram greve por tempo indeterminado nos sectores público e privado; organizações internacionais são proibidas de entrar no país... e nada disto é notícia, nada disto merece destaque, nada disto é tema de reportagem de enviados especiais. No pasa nada!

É certo que houve condenação internacional, mas exceptuando os países da região e uma ou outra excepção, o facto é que tudo se ficou por meras declarações de princípio, cada vez mais tímidas e dúbias.

Há um povo na rua a lutar contra um golpe militar e pela ordem democrática e isso não é notícia. O que vai aparecendo é a «análise da coisa» fazendo o caminho para impor a ideia de que «não se deve condenar o golpe» porque os golpistas só o fizeram para «repor a legalidade». O motivo aduzido: Zelaya queria consultar o povo num referendo não vinculativo. É demasiado escasso como argumento? Não seja por isso; os «especialistas» já «descobriram» documentos a «atestar ligações perigosas» de Zelaya, que ninguém testou mas que merecem acolhimento nos jornais ditos de referência e são prontamente repetidos à escala global pelos que se prestam ao serviço de ser a voz do dono.

Nada disto é novo, embora alguns ingénuos tenham acreditado que o tempo da guerra suja tinha acabado. O que se passa nas Honduras e a teia que há muito vem sendo tecida em torno da Venezuela, Bolívia, Equador, tendo como pano de fundo a bem alinhada Colômbia, faz lembrar o que aconteceu no Chile já lá vão mais de três décadas. «Vocês pediram-nos para provocar o caos no Chile (....) nós fornecemos uma fórmula para o caos, o qual é improvável que ocorra sem derramamento de sangue. Dissimular o envolvimento dos Estados Unidos será claramente impossível.» As palavras são de Henry Heckscher, chefe do departamento da CIA em Santiago, em 10 de Outubro de 1970. Depois foi o que se viu.

Os cães de guarda do imperialismo, para melhor iludir os incautos, enterram o passado. E não se limitam a ladrar, matam. Para ter direito a lamber as mãos do dono.

  • Anabela Fino

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Níveis salariais em Portugal:Manipulação da opinião pública




Aproveitando um estudo do Banco de Portugal, a comunicação social portuguesa lançou, no passado mês de Julho, uma concertada operação manipuladora da opinião pública portuguesa, procurando fazer crer que o nível salarial do sector público é superior ao privado.Comparando o incomparável, omitindo informação, retirando frases do contexto, para os jornalistas que se prestaram à manobra valeu tudo. Neste estudo, o autor, Eugénio Rosa desmonta a tramóia.




Resumo


Na semana de 13/17 de Julho de 2009, a Agência Lusa, e depois a maioria dos órgãos de comunicação, incluindo a TV, acabaram por colaborar numa gigantesca operação de manipulação da opinião pública. Para isso, foi utilizado um estudo divulgado no Boletim Económico – Verão de 2009 do Banco de Portugal, que, segundo os autores da notícia, provava que «os funcionários públicos auferem um salário mensal claramente acima dos seus congéneres do sector privado e o diferencial aumentou ao longo do tempo, passando de 50% em 1996 para quase 75% em 2005». Desta forma, ficava justificada a política deste governo contra os «privilegiados» da Administração Pública (uma ajuda para a campanha eleitoral de Sócrates), por um lado, e, por outro lado, preparava-se já a opinião pública para que o futuro governo continuasse a reduzir as condições de vida destes trabalhadores. Uma análise objectiva de todo o estudo do Banco de Portugal, e não apenas de alguns dados retirados do seu contexto, revela que a notícia dada pelos media é falsa.

Eugénio Rosa



sexta-feira, 7 de agosto de 2009


É assim o amor…


No passado Domingo um jornal diário dedicava um terço da sua primeira página a três fotos de Francisco Louçã, Joana Amaral Dias (JAD) e José Sócrates, por esta ordem e da esquerda para a direita – um critério possível, entre outros.

O título – pequeno, porque o destaque era dado às caras – afirmava: «A polémica Bloco-PS continua» (o hífen está lá mesmo, não é da nossa autoria). Na mancha - convenientemente destacada em tom verde velho – citam-se três frases: A do «líder» do BE – como é agora tratado o dirigente da formação política que no passado fez gala em afirmar que não tinha «um líder» – em que Louçã ataca a «credibilidade do governo» por causa deste caso; a da ex-deputada e ex-dirigente, agora «militante de Base do Bloco» - usando a linguagem da própria relativamente a um partido que se afirmou no passado como um «partido-movimento» – em que JAD refere que «a questão está encerrada» e, finalmente, uma frase do primeiro-ministro em que José Sócrates afirma que «Louçã faltou à verdade».

Lemos a «notícia», recorremos à memória, e a pergunta surge de imediato: Porque raio se transforma em acontecimento nacional o facto de alguém do PS ter «sondado» a ex-mandatária para a juventude da candidatura oficial do PS à Presidência da República nas eleições de 2007 para aferir da sua disponibilidade para ser candidata do PS? Dirão alguns: «ela é militante do BE». Pois é, e então? É que quem foi «sondada» foi a militante de um partido que tem na sua Comissão Política um homem que só não «chora» com a demissão de Manuel Pinho porque não calha; um partido cujos autarcas de maior destaque são uma Presidente de Câmara que o BE recebeu de braços abertos para a senhora prosseguir um projecto pessoal que não cabia nesse «retrógrado» hábito de discussão e decisão colectiva da CDU e um vereador que «fazia falta» a Lisboa e que agora não faz falta ao PS porque já lá está; um partido que em distritos de maioria CDU se alia ao PS no mais «puro» anticomunismo; um partido que alterou a sua lista numa Freguesia de Vizela para que um ex-militante do CDS-PP a pudesse encabeçar; um partido que candidata à Câmara Municipal de Ovar o actual vice-presidente eleito pelo Partido Socialista.

De facto não há nada de novo na salganhada entre o PS e o BE. Ambos descredibilizam a política, ambos esgrimem meias verdades, e o povo lá vai vendo as fotos no jornal. É assim o amor…
  • Ângelo Alves


quinta-feira, 6 de agosto de 2009


Duas Crises

“Quando a grande crise económica do capitalismo eclodiu, governos e propagandistas do sistema apressaram-se a despir as camisas que até à véspera envergavam. De grandes arautos do capitalismo selvagem passaram repentinamente a críticos verbais da «ganância», da «cultura de risco», dos «excessos» que, diziam, estavam na raiz do colapso. Em declarações e cimeiras prometeram profundas mudanças. Mas – advertiam – primeiro era preciso travar o descalabro. Muitos milhares de milhões foram entregues pelos estados ao sector financeiro – o principal responsável pelo buraco. E o que mudou?”

Jorge Cadima*

Quando a grande crise económica do capitalismo eclodiu, governos e propagandistas do sistema apressaram-se a despir as camisas que até à véspera envergavam. De grandes arautos do capitalismo selvagem passaram repentinamente a críticos verbais da «ganância», da «cultura de risco», dos «excessos» que, diziam, estavam na raiz do colapso. Em declarações e cimeiras prometeram profundas mudanças. Mas – advertiam – primeiro era preciso travar o descalabro. Muitos milhares de milhões foram entregues pelos estados ao sector financeiro – o principal responsável pelo buraco. E o que mudou?

Uma das maiores instituições financeiras – e também um dos maiores viveiros de governantes – dos EUA é a Goldman Sachs. No ano passado recebeu 10 mil milhões de dólares de dinheiros públicos. Agora, proclama lucros recorde no segundo trimestre de 2009, e decidiu distribuir 6,65 mil milhões de dólares em gratificações aos seus 29 400 funcionários (Bloomberg, 14.7.09). Alguns indivíduos vão meter ao bolso milhões de dólares, só neste trimestre. Escreve a Bloomberg: a Goldman Sachs «está a reverter para um modelo de negócios que os analistas consideraram irremediavelmente falido durante a crise de crédito global», aumentando as suas actividades de risco. Isto é, os multimilionários de Wall Street continuam a fazer o que sempre fizeram – e que disseram ser a causa da crise. Agora tentam-nos fazer crer que a crise está a abrandar. Querem o business as usual. Aliás, para alguns a crise nem chegou a começar. O ex-CEO da Porsche, Wendelin Wiedeking foi despedido depois de uma tentativa fracassada de comprar a Volkswagen, que deixou a Porsche com uma dívida de 10 mil milhões de euros. Mas na despedida Wiedeking recebeu uma compensação de 50 milhões de euros (Bloomberg, 23.7.09), sem contar com a remuneração de 77 milhões de euros que recebera no ano anterior, quando andava entretido a afundar a Porsche. Vários grandes bancos estão a aumentar os salários dos seus quadros dirigentes (Financial Times, 24.7.09). São factos para recordar quando vierem com a cantiga de que «todos temos que aceitar sacrifícios para sair da crise».

Se a «ganância» e os «excessos» do grande capital continuam de boa saúde, para o resto da Humanidade a situação é bem diferente. Milhões de trabalhadores já ficaram sem trabalho e estão a cair na miséria. A taxa oficial de desemprego nos EUA aproxima-se dos 10%, mas uma medida mais real e menos manipulada (a “taxa U6”) ascendia em Junho a 16,5% (Bureau of Labor Statistics, www.bls.gov). O patronato e governos dos grandes países capitalistas estão lançados numa ofensiva para aumentar a exploração de quem ainda trabalha. O grande capital nunca acreditou no «fim da luta de classes». Há uma crise para o grande capital e outra para os trabalhadores. Nos EUA foi decretada a falência da General Motors. Essa falência só durou 40 dias, após os quais os trabalhadores bem podiam falar num «11 de Setembro»: até 2011 serão encerradas 11 fábricas, até ao final deste ano o número de trabalhadores vai baixar de 91 mil para 67 mil; os que ficaram viram as suas remunerações drasticamente reduzidas. As greves estão proibidas (Workers' World, 17.7.09). Um desastre parecido ocorreu em Abril na Chrysler, que decretou a bancarrota apesar dos trabalhadores aceitarem todas as concessões que lhes foram exigidas para evitar a falência (Avante!, 21.5.09). Factos para recordar quando vierem com a calúnia de que em Portugal as fábricas fecham por culpa da «intransigência do PCP».

A crise mundial do capitalismo está longe do fim. Em última análise, é uma enorme crise de sobreprodução. Forças produtivas imensas terão de ser destruídas. Mas ao destruir o poder de compra de quem trabalha, também se aprofunda a crise. Os efeitos da crise vão continuar a devastar a vida de muitos milhões de seres humanos. O défice orçamental dos EUA vai atingir este ano uns estonteantes 1,8 milhões de milhões («triliões») de dólares, e a dívida pública total está em cerca de 11,5 milhões de milhões (Bloomberg, 13.7.09). Quem vai pagar esta factura? A palavra de ordem do grande capital é: «A pilhagem continua! Os trabalhadores que paguem a crise!». Mas a crise económica e social já está a desencadear resistência e luta. Em que os partidos de classe dos trabalhadores são chamados a desempenhar um papel fulcral. É por isso que os nostálgicos do fascismo e do anticomunismo violento estão de novo a sair das sarjetas. *

  • Jorge Cadima é Professor da Universidade Técnica de Lisboa e analista de política internacional
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