quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Censura cirúrgica

Numa situação em que a quase totalidade dos média é propriedade do grande capital, é óbvio que a «liberdade de expressão e informação» que a Constituição da República Portuguesa consagra, não passa de uma bela frase...

O capital investe nos média com o mesmo objectivo com que investe em qualquer outra área, sendo que, neste caso, o lucro está em propagandear as bondades e a inevitabilidade da política de direita, da qual o grande capital é exclusivo beneficiário.

Daí que os média dominantes sejam unânimes na defesa dessa política – independentemente do partido que, em cada momento, cumpre o seu turno de serviço a aplicá-la.

O mesmo acontece com o chamado «serviço público de rádio e de televisão», que, de acordo com a Lei Fundamental do País, o Estado deveria assegurar, salvaguardando «a sua independência perante o Governo, a Administração e os demais poderes públicos» e garantindo «a possibilidade de expressão e confronto das diversas correntes de opinião».

Deveria «assegurar», deveria «salvaguardar», deveria «garantir», mas não assegura nem salvaguarda nem garante.

Não o faz, hoje, o Governo PS/Sócrates, como não o fizeram, antes, os governos do PS/PSD/CDS-PP.

Porque todos eles, enquanto conselhos de administração dos interesses do grande capital, têm como tarefa essencial aplicar a política de direita – coisa que é incompatível com a liberdade de informação.

É neste cenário - em que a liberdade de informação não passa de um faz-de-conta mal disfarçado e em que a censura se materializa fazendo-de-conta que há liberdade de expressão – que nasce o quase total silenciamento a que os média dominantes submetem a actividade do PCP – único partido que, numa perspectiva de classe, combate a política de direita e lhe contrapõe uma alternativa de facto.

Os média do grande capital não toleram o facto de o PCP estar vivo – depois de eles terem decretado mil vezes a sua morte. Nem toleram que o PCP tenha mais e mais forte actividade, sozinho, do que os restantes partidos todos juntos: são verdades que têm que ser silenciadas – cirurgicamente censuradas.
  • José Casanova
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