domingo, 12 de outubro de 2008


O sistema que é deles


Os vários governos dos países que integram a União Europeia, assim como as instituições desta última, vão sendo compelidos a reagir à medida que o autêntico turbilhão dos «mercados financeiros» coloca a nu as reais proporções da crise do sistema capitalista, crise que é consequência e inerente à incontrolável voracidade do capital.

No caos, o grande capital mergulha no «salve-se quem puder» e no frio «negócio da crise», evidenciando a sua natureza, ao mesmo tempo que se sucedem os alertas e os apelos para a necessidade da adopção de medidas «coordenadas» entre os centros capitalistas (veja-se o recente encontro do directório das quatro grandes potências capitalistas da UE), que têm caído em saco roto.

Entretanto, cada governo de direita, «social-democrata» (vulgo «socialista») ou de coligação entre a direita e a «social-democracia» vai procurando tapar os buracos (sem fim) que ajudou e continua a criar: Bradford & Bingley (Reino Unido), Hypo (Alemanha), Fortis e Dexia (Bélgica, Luxemburgo, Holanda e França) Roskilde (Dinamarca), sendo que, tudo indica, o contágio não irá ficar por aqui.

Quanto à UE, esta procura salvaguardar o mais que pode do sistema e evitar o «efeito dominó», adoptando o que designa por «medidas de emergência» em socorro da «estabilização dos mercados financeiros».

No entanto, verdade seja dita, para além das enormes e consecutivas injecções de liquidez do Banco Central Europeu, até ao momento, as restantes medidas são «mais parra que uva», pois as que são realmente válidas são contranatura do próprio sistema que pretendem resguardar.Pelo contrário, sucedem-se na UE as propostas e as medidas para incrementar a exploração dos trabalhadores (desregulamentação e aumento do tempo de trabalho), a liberalização e privatização dos serviços públicos (energia, saúde) e a transferência dos ganhos do trabalho para o capital (taxas de juro), que o Governo do PS tão fielmente executa em Portugal. A actual evolução da situação internacional coloca em evidência o quanto é profunda a crise do capitalismo, as suas insanáveis contradições, a escala gigantesca dos problemas que gera e que é incapaz de resolver e os perigos e ameaças com que confronta a humanidade.

A luta que é nossa

Intervindo activamente, o PCP responde às exigências que se colocam, tanto na defesa dos interesses dos trabalhadores e das camadas atingidas pela política monopolista, como na importante luta das ideias e na mobilização das forças necessárias para a ruptura com a política de direita e a criação de uma efectiva e verdadeira política alternativa, para a qual o PCP é incontornável.O PCP intervém para que sejam concretizadas medidas urgentes para dar resposta aos crescentes problemas e dificuldades com que se confronta a esmagadora maioria do povo português. Medidas que promovam o aumento geral dos salários, o aumento das pensões e reformas, o justo acesso ao subsídio de desemprego, a diminuição dos preços dos combustíveis, o congelamento dos preços dos títulos de transporte, o estabelecimento de um preço máximo num conjunto de bens essenciais básicos alimentares, a contenção do aumento do custo dos empréstimos à habitação.

O PCP intervém na defesa e promoção da produção nacional, dos direitos laborais, pelos serviços públicos e um forte sector empresarial do Estado ao serviço dos portugueses e do País e por uma justa redistribuição da riqueza criada ao nível nacional.O PCP intervém para o fim da actual política monetária da UE e do seu Pacto de Estabilidade, para o fim dos «paraísos fiscais» e para uma utilização dos fundos estruturais ao serviço do efectivo desenvolvimento económico do País e da melhoria das condições de vida dos trabalhadores.O PCP intervém pelo progresso social e pela soberania nacional, pela emancipação dos trabalhadores e povo português, pela paz, pelos ideais e conquistas de Abril, pelo socialismo.

O que lhes dói

Ao mesmo tempo que, com todas as suas forças, intervém e está com os trabalhadores e as populações, o PCP prepara o seu XVIII Congresso onde procura realizar uma análise e síntese colectivas da complexa situação internacional, da evolução da integração capitalista europeia, da situação no País, da luta de massas e da construção da alternativa com vista ao central e indispensável reforço do Partido.

Não fiquemos pois surpreendidos que procurem silenciar, caricaturar e deturpar as nossas posições. Não fiquemos pois surpreendidos que procurem condicionar opções através da instrumentalização das sondagens. Não fiquemos pois surpreendidos pela utilização das mais ignóbeis manobras para nos tentarem denegrir. No fundo, tudo isto só confirma a justeza do nosso caminho!


  • Pedro Guerreiro



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